ARTIGO DE AUTORIA DE RODRIGO PNT
Eu falo em línguas estranhas como um bom evangélico pentecostal, prova incontestável do batismo no Espírito Santo. Mas e aí, falamos línguas porque queremos? Inventamos as línguas que falamos? Fingimos, como alguns pretendem? Ou somos endemoniados como algumas seitas cristãs nos acusam? Nada disso. O apóstolo Paulo disse em 1 Coríntios 14: 22, que as línguas estranhas constituem um sinal. Ora, que sinal é esse? Sinal da mediunidade. Sim, da espiritualidade em nosso meio.
Quando comecei estudar O Livro dos Médiuns fiquei surpreso em ver que os dons do Espírito Santo estavam todos explicados ali à luz da razão, não havia nenhuma fórmula mágica, nenhum milagre, como pretendem os teólogos pentecostais, porém, nada mais são do que dons mediúnicos. E era assim que a Igreja primitiva os considerava, tanto que vemos Paulo dando regulamentos e ensinando como se dava o desenvolvimento de tais dons. O dom de línguas tão verificado no meio pentecostal nada mais é do que um desses dons mediúnicos.
O que ocorre quando entramos em transe na oração, seja na igreja, no monte ou em casa, é o contato do nosso corpo espiritual, o perispírito, com a realidade espiritual. Isso sempre ocorre pela presença de um amigo, um espírito que vem nos visitar quando estamos orando. Geralmente esses amigos são grandes magnetizadores e nos magnetizam possibilitando entrarmos em transe e termos contato com a realidade espiritual, por isso sentimos uma grande quentura na cabeça ou nas mãos ou em alguma outra parte do nosso corpo físico. Os irmãos que ignoram esse mecanismo o atribuem à presença do Espírito Santo de Deus, o que de certa forma não deixa de ser, pois o espírito que está ali nos magnetizando e possibilitando o transe também é um ser criado por Deus e propenso ao bem.
Quando isso ocorre nós ficamos em um estado semissonambúlico, ou seja, o nosso espírito é que ora daí pra frente, tanto que Paulo disse que o que fala em línguas não fala aos homens e sim a Deus, porque em espírito fala mistérios – 1 Coríntios 14: 2 – ora o que fala aí não é mais o corpo físico, mas sim o espírito da pessoa, o qual é eterno e já passou por muitas vidas através da reencarnação, certamente já viveu em diversas nações aprendendo diversas línguas e na hora desse transe semissonambúlico relembra momentaneamente essas línguas e fala, embora não sabendo como, pois o seu cérebro não consegue processar as lembranças da mente do espírito, já que o mesmo não vivenciou tais experiências.
Por isso não conseguimos controlar nossa fala e balbuciamos palavras desconhecidas para nós, mas totalmente conhecidas para os espíritos que nos acompanham desde longo tempo. Muitas vezes essas línguas são uma mensagem recebida em nosso perispírito e transmitida através de um idioma antigo, que nós já falamos, para a nosso corpo físico, e aí a espiritualidade ali presente naquela hora magnetiza outro mensageiro para transmitir aquele recado na língua compreensível das pessoas que estão ali, no nosso caso o português, e este fala claramente traduzindo a mensagem, se bem que ele mesmo não entende como é que está traduzindo, porque é um espírito que fala através dele e ele não consegue controlar sua boca até que traduza toda a mensagem. Esse é o dom de interpretação de línguas que está relatado em 1 Coríntios 14:27 e 12: 10, que há necessidade de haver quem interprete as línguas. Esse é o que tem o dom mediúnico de interpretação das línguas, esse dom é conhecido no espiritismo como psicofonia.
É muito prazeroso falar em línguas e todo crente adora e faz de tudo para receber esse dom, porém é desastroso para o prosseguimento de um culto sério e comprometido com a moralidade e reforma íntima dos crentes, pois certos ministérios evangélicos perderam-se nesses sinais e já não há uma preleção sadia visando a transformação moral do indivíduo, mas sim um oba-oba mistificado com pulos, gritos e danças esquisitas que assustam as pessoas mais racionais e inteligentes afastando-as do nosso meio.
É preciso calar tais ministros que abusam da mediunidade mistificando tudo, assim como a mediunidade de cura e outros dons que a espiritualidade nos concede para a prática do bem ao próximo. É por isso que resolvo por às claras e à luz da razão através da Terceira Revelação, o Espiritismo, tudo o que esses pseudopastores e líderes estão fazendo dentro de suas igrejas, desmistificando assim os dons mediúnicos usados e abusados por eles de tal forma que comercializam as almas do incultos e prendem os incautos em suas redes de mentira, prometendo-lhes um céu que nem eles mesmos possuem. São nuvens sem água arrastadas pelo vento para onde esse as quer levar, são prisioneiros de espíritos maus e falsos sábios que os usam em sua mediunidade somente para o engano.
Rodrigo PNT é presbítero evangélico e admirador e estudioso da Doutrina Espírita.