A maior parte da cristandade tem Jesus como o Salvador. Jesus não salva ninguém, pois isso requer uma atitude íntima, só se salva quem quer. Entendem que Jesus morreu crucificado para pagar os nossos pecados. Como se fosse possível que os erros cometidos por um fossem resgatados por outro. Cada um colhe aquilo que plantou, e ninguém, por melhor que seja, pode reajustar o que nós desajustamos.
Seria muito injusto se Jesus quitasse as dívidas de todos. Cada um tem a conta de um tamanho diferente. Uns devem mais, outros devem menos. Uns se comportaram direitinho, outros aprontaram muito. Não seria nada equitativo se um salvador externo pagasse tudo por todos, indistintamente. É uma visão muito infantil.
O fato é que Jesus não salva ninguém. Jesus não pode salvar ninguém. Só é salvo quem quer, e isso é uma atitude individual, íntima, de si para consigo.
É comum ouvirmos pessoas dizerem que estão pagando por erros passados, que estão quitando o seu carma, que estão resgatando dívidas. Muitos espíritas ainda acreditam em castigo divino! A primeira pergunta do primeiro livro espírita fala de Deus, e ainda há muitos que pensam que Deus castiga.
A Lei de causa e efeito se encarrega de promover oportunidades de reajuste. Ninguém escapa dos resultados de suas ações. Se tiver algum merecimento, pode escolher, até certo ponto, as condições de reencarne, mas o reajuste terá que acontecer de qualquer jeito. Então se queixam de que a sua prova é muito dura, que o seu fardo é muito pesado, que só pode ser castigo. Não. Na verdade, o que importa, mesmo, não é o gênero de prova, mas o que se propõe a aprender com ela.
Porque tudo é aprendizado. Para quem acredita num Deus soberanamente justo e bom, para quem entendeu o mecanismo das Leis que nos regem a Vida, é até um contrassenso falar em expiação. Não importa se as características de nossas vidas são expiações ou provas, não interessa em que degrau da escada evolutiva nós estamos. Tudo é oportunidade de aprendizado. Voltamos à matéria para aprendermos o que ainda não tínhamos aprendido.
Na escola, quem não aprendeu toda a matéria deve repetir o ano. Em relação à Vida ocorre o mesmo. Os quesitos em que falhamos teremos que repetir, às vezes em condições mais duras, que é pra consolidar o aprendizado. Mas cada vez que reencarnamos estamos sendo abençoados com mais uma chance, é mais uma demonstração da misericórdia infinita de Deus, que sempre nos perdoa e concede novas oportunidades de tentarmos novamente.
Deus não castiga, Deus perdoa. Perdoa sempre. Quando desencarnamos, já estamos perdoados. O que colhemos não é castigo de Deus, mas fruto de nossas próprias imperfeições e da desarmonia que causamos. Deus nos perdoa e nos deixa livres para tentarmos outra vez. Nós é que temos que nos perdoar, nos comprometer com a rearmonização e nos empenharmos em salvar a nós mesmos.
É você quem deve salvar a si mesmo. Jesus mostrou o caminho. Quem deve segui-lo é você. Não há salvação vinda de fora, a salvação deve partir de dentro de você. A isso chamamos reforma íntima. Reforme-se e estará se salvando. Estará se despojando do homem velho para dar lugar ao homem novo. Essa autossalvação tem início com o desenvolvimento da Vontade e da Razão. Vontade firme e forte para fazer o que se sabe, comprovadamente, que é o certo. Razão para distinguir o que é real e o que é quimera, o que é importante e o que é superficial.
Quando se fala em autoajuda, no âmbito espírita, nota-se algum preconceito. Mas para salvar a si mesmo é preciso ajudar a si mesmo. Isso não é autoajuda? Eu acho que é. As religiões em geral esperam por uma aloajuda, uma ajuda vinda de fora. O espírita sabe que deve ajudar a si mesmo, deve autoajudar-se. As religiões em geral esperam uma alossalvação, esperam que Jesus as salve. O espírita sabe que deve autossalvar-se, despertando dentro de si mesmo o seu Cristo interno.
Se você acha que este artigo pode ser útil a alguém, compartilhe!