Até que ponto você é aferrado às suas ideias? Qual o valor da sua opinião? Quando você discute, aceita a opinião do oponente, ou está sempre com a razão?
Damos um valor imenso às nossas próprias opiniões, às nossas concepções acerca de tudo. Mas você já se deu conta de que somos um tanto negligentes na formação de nossas ideias? Sofremos influências de toda parte: mídia, religião, educação por parte dos pais, cultura local, de toda parte somos bombardeados com pacotes de ideias prontas. E as aceitamos quase sempre sem nos questionarmos. Quantas vezes defendemos nossas ideias ou atitudes com um “sempre foi assim”!
Assim como adotamos uma ideia, ou gosto, ou opinião, os abandonamos; muitas vezes sem sentir, pois em grande parte das vezes são como produtos da moda, cumprem seu tempo e desaparecem sem deixar vestígios.
Mas basta alguém discordar de nós, ou apontar-nos um erro em nosso ponto de vista, que passamos a defendê-lo com unhas e dentes! Repentinamente aquela opinião que mal sabíamos que existia, que provavelmente não foi sequer concebida por nós mesmos, mas tomada de empréstimo de alguém que julgamos importante, adquire um valor imenso, ficamos magoados e ofendidos por nos dizerem que estamos errados. Será que é a nossa opinião que estamos defendendo tão ardorosamente, ou é apenas a velha conhecida vaidade que está vendo seu prestígio em risco?
Afinal, trata-se da minha ideia, da minha opinião, do meu ponto de vista (tem certeza que é seu mesmo, ou foi imposto por alguém?). E, você sabe, tudo que é meu é importante, é intocável, é o melhor do mundo. Ó orgulho que domina homens e mulheres milênio após milênio! Quando iremos aprender a viver sem ti? Quando começaremos a nos valorizar sem nos acharmos os melhores, a nos amar sem pensarmos que somos superiores, a buscar o progresso sem sermos movidos pela ambição pessoal?
Devemos urgentemente aprender a respeitar a opinião alheia, o modo de ver do próximo. Devemos deixar de lado a coleção de preconceitos que vamos acumulando com o tempo e dar tempo a nós mesmos de tentar compreender, ouvir, analisar desapaixonadamente o próximo. Porque normalmente nem sequer o deixamos concluir o que tem a expor.
Acostumamos-nos com nossas verdades, com nossos conceitos, pegamos carinho por eles, e mesmo que não nos sirvam mais, mesmo que nunca nos tenham servido para nada, não queremos abrir mão deles, porque são nossos. Sabe aquela frasesinha: “Com quem ele pensa que está falando?” Pois é. Grande bosta com quem ele está falando! Como podemos nos achar assim tão superiores, tão especiais em comparação com os outros? Como aguentamos tanta prepotência em nós mesmos?
Tem uma dessas frasesinhas que eu alimentei por muito tempo em minha cabeça, por achá-la “forte”, só esperando uma oportunidade de usá-la. Ainda bem que nunca a usei. É esta pérola: “O que tu pensas ou deixas de pensar, e merda, pra mim á a mesma coisa”. Não é uma graça?
Todos pensam, todos alimentam seus próprios pensamentos. Respeitemo-los. Vamos aprender a ouvir, sem ideias preconcebidas, sem aquele não preparado para ser disparado. Você precisa saber dizer não, sempre que lhe quiserem impor algo contra a sua vontade. Mas nao confunda vontade com vaidade. É preciso saber ceder. Ceder não é vergonha, na maioria das vezes é uma bela demonstração de grandeza e desprendimento. Não é feio perder uma discussão, feio é discutir. Toda e qualquer discussão é inútil, pois jamais se chega a um consenso. Quando se inicia uma discussão, a única preocupação dos contendores é fazer prevalecer seus pontos de vista, e nem se dão conta de que, na ânsia de defenderem as ideias que lhes são tão caras, logo estão mentindo para si mesmos, exagerando, fugindo à proposta inicial. É ridículo. Você não acha?