Recebi muitas manifestações de leitores insatisfeitos com meu posicionamento em relação a possíveis culpados no incêndio na boate Kiss, em Santa Maria. Você pode ler o artigo aqui:
A tragédia na boate Kiss em Santa Maria
Não publico nada que contenha palavras ofensivas a qualquer pessoa. Opiniões em alto nível, mesmo que opostas às minhas, são sempre bem vindas. Não tenho acompanhado o noticiário. Não assisto televisão há quase dois anos. Tenho me mantido informado através de leitores e amigos. Aliás, nas redes sociais não há como não se manter informado.
Reitero minha opinião acerca de supostos culpados. Todos estão abalados, todos estão sofrendo. Que a polícia e o Ministério Público trabalhem com tranquilidade, sem pressão psicológica em busca de culpados. Sempre aparece alguém pra dizer “ah, mas se fosse teu filho que estivesse lá…”. Não gosto nem de pensar nessa hipótese, você por certo também não. Mas também não gosto de pensar na possibilidade de crucificar alguém que também está envolvido, que também ficará com sequelas pelo acontecido.
Penso na complexidade da vida humana, penso na epopéia espiritual que é viver. Viver, vida após vida, atravessando dificuldades em busca da ascensão espiritual. Porque é lógico que há uma causa que gerou essa consequência. Na opinião abalizada de Emannuel, situações como essa encobrem carmas coletivos. Mas isso também não importa agora.
O que importa são os milhares de pessoas atingidas. Os bombeiros, os policiais, os profissionais da saúde, da imprensa, os funcionários da boate, vizinhos, amigos e parentes das vítimas. E, acima de tudo, seus pais e mães.
Quanto tempo será necessário para curar essas feridas? O que será preciso para confortar e consolar esses pais e mães? Por quantos séculos guardarão em suas memórias espirituais as duas últimas vezes em que viram seus filhos: antes de sair de casa e depois da tragédia? Que fortaleza de fé para segurar o ânimo desses pais e mães!
Jovens morrem todos os dias, nas mais variadas condições. Neste exato momento há um jovem entre a vida e a morte em algum hospital por aí. Os pais e mães sempre sofrem. É contra a natureza as mães e pais enterrarem seus filhos. É contra a ordem natural das coisas. Mas uma tragédia desse porte parece que multiplica a dor de cada um pelo número de vítimas. Como se cada mãe e pai perdesse mais de duas centenas de filhos.
A tragédia de Santa Maria e o sentimento de culpa
Tenho certeza que os espíritos trabalhadores estão sendo pródigos em cuidados. Não faltarão esforços para que todos aceitem o socorro que lhes é oferecido.
Agora é esperar que o tempo passe. Só o tempo para estancar sangrias como essas nos corações desses pais e mães.
Minha amiga Raquel Beghini me fez uma sugestão de artigo: “Sobre o incêndio em Santa Maria, o que leva um ser humano, por instinto de sobrevivência e desespero, a pisotear outras pessoas para sair e tentar sobreviver; e outras com instinto de ajudar que parece ser mais forte que o instinto de sobrevivência. Sem julgamentos, óbvio (…)
Como eu disse acima, não tenho acompanhado o noticiário. Não sei de detalhes. Mas sei de casos de heroísmo que se sobrepõe ao instinto de fuga. Num momento de forte emoção é comum agirmos por instinto. E o instinto provocado pelo medo, pelo pânico, é o instinto de “lutar ou fugir”. Como não é o caso de luta, pois não há um agressor, resta a fuga. Sempre que há acidentes em grandes aglomerações de pessoas há casos de pisoteamento. Num momento assim não há raciocínio, é o instinto que comanda o cérebro. Não há como lamentar, não há como contestar essas condutas. Por outro lado, há casos raros de pessoas que se preocupam em primeiro lugar com o próximo, numa demonstração prática do mais autêntico sentimento de caridade, de renúncia de si mesmo.
Instado por esse pedido da Raquel, li sobre o caso de um rapaz de 24 anos que salvou 14 pessoas e não conseguiu escapar com vida. Que exemplo que dispensa palavras! Enquanto muitos, como eu, consomem pilhas e mais pilhas de livros para aprender alguma coisa sobre caridade, esse rapaz demonstra com a vida o que vem a ser renúncia, abdicação de si mesmo. Certamente o Vinicius foi muito bem recebido por seus amigos espirituais…
Se você busca maiores esclarecimentos sob o ponto de vista do Espiritismo, leia este trabalho:
A TRAGÉDIA DE SANTA MARIA SOB A ÓTICA DO ESPIRITISMO