Comportamento

Atire a primeira pedra quem não tiver pecado

atire a primeira pedra quem não tem pecado

Ouça este artigo na voz do autor

Atire a primeira pedra quem não tiver pecado. Com que moral posso julgar alguém que comete erros que já cometi? 

Quando comecei a experiência de escrever neste site fui logo surpreendido com numerosos elogios. Confesso que não contava com isso. Esperava mais discussões, debates, alguma crítica em relação aos meus pontos de vista. Os elogios me pegaram de surpresa.

Quando começaram a me chamar de “iluminado”, minha primeira providência foi comprar um espelho e fixá-lo à minha frente, de modo que, ao escrever, baste erguer os olhos para enxergar o meu reflexo. Foi a maneira que encontrei de lembrar a mim mesmo, sempre, que escrevo em primeiro lugar a mim mesmo. Tudo o que eu expresso, cada “você” que eu escrevo é válido pra mim.

Atire a primeira pedra quem não tiver pecado
Atire a primeira pedra quem não tiver pecado

Eu tenho tantos defeitos, tantas falhas, tantas fraquezas quanto você que está lendo. Talvez mais. Eu cometo tantos erros, tantas injustiças, tantos atos precipitados e impensados quanto você que está lendo isto. Acho até que mais do que você.

Talvez você esteja entrando em contato com os assuntos que abordo há pouco tempo. Talvez você tenha apenas uma pequena noção de espiritismo. Talvez você não esteja acostumado a ler e estudar sobre esses temas sobre os quais escrevo. Se isso for verdade, você tem uma desculpa que eu não tenho. Quando você erra, quando você falha, quando você vacila, nem sempre você tem plena consciência das consequências dos seus erros. Eu não tenho essa desculpa. O estudo da teoria exige que eu experimente na prática. Quanto mais estudo, quanto mais aprendo, teoricamente, mais minha responsabilidade aumenta.

Uma verdade que constato sempre é que somos o reflexo uns dos outros. O espelho que tenho à minha frente serve para que eu me lembre de que tenho a obrigação de ser o primeiro a tentar praticar o que escrevo e reconheço como verdadeiro. O espelho também serve para que eu não me iluda comigo mesmo, para que eu não corra o risco de acreditar que sou um ser iluminado a ensinar os pobres mortais”. Às vezes o espelho parece me dizer: “Olha lá o que tu vais escrever! Não te atrevas a cobrar dos outros o que tu nem imaginas como se pratica!”

Mas para enxergar nossos defeitos não precisamos de espelho. Basta o convívio humano e um pouco de observação de si mesmo. Os defeitos alheios que me fazem sofrer são defeitos que eu tenho. As falhas de caráter dos outros que me machucam, que me provocam angústia e dor moral são falhas de caráter muito conhecidas minhas, falhas com as quais eu convivo desde que me conheço por gente. Os erros que pessoas próximas, pessoas da minha intimidade, os erros que elas cometem e que me irritam e que me põe à prova, são erros que eu já cometi, são erros que eu sei exatamente como começam, como se afirmam, como crescem e como provocam consequências dolorosas.

Um dia, trouxeram a Jesus uma mulher que foi flagrada em adultério. Pela lei da época, ela devia ser apedrejada em praça pública até à morte. Os inimigos de Jesus queriam saber o que ele diria acerca da situação. Queriam pegá-lo em contradição. Se ele dissesse para soltá-la, acusariam ele de estar contra a lei. Se ele mandasse apedrejá-la, ele estaria descumprindo seu próprio ensinamento. Calmamente, ele olhou para a multidão e disse: Atire a primeira pedra quem não tiver pecado. Ninguém teve coragem de atirar a primeira pedra. A consciência de cada um os acusava de seus pecados, de seus inúmeros erros cometidos.

Você tem coragem de atirar a primeira pedra? Os erros dos outros, que me entristecem, me irritam e me fazem sofrer, são erros que eu conheço bem, pois já os cometi. Como atirar a primeira pedra? Como condenar? Com que moral posso julgar alguém que comete erros que já cometi? Quando errei, não queria ser julgado. Como me atreverei a julgar se não quis ser julgado quando errei?

Sou tão cheio de erros ou mais do que você. Não tenho a intenção de ensinar, não tenho a pretensão de apontar caminhos. Divido com você minhas reflexões. Convido você a cinco minutos de leitura e mais alguns minutos de reflexão. Só isso. Obrigado por me acompanhar; estamos juntos.

Conheça meu canal no Youtube!

Artigo AnteriorPróximo Artigo