O espiritismo é repetitivo ao afirmar que vivemos em um planeta de provas e expiações. Quantas vezes você já ouviu isso? Muitas, com certeza. Dependendo da leitura, ou palestra, ou aula, chega a ficar martelando na cabeça da gente: provas e expiações, provas e expiações, provas e expiações. Como fugir dessa verdade? Não há maneira. Aliás, não devemos fugir de verdade alguma, mas olhá-la nos olhos e enfrentá-la. Na maioria das vezes a fera não é tão assustadora quanto parece.
As informações da espiritualidade superior dão conta de que estamos nos encaminhando para uma promoção planetária; a Terra está se transformando num planeta de regeneração. Já não era sem tempo…
Mas a verdade é que nem tudo são flores, no planeta azul. Esforçamos-nos para nos melhorar, para realizar e vivenciar a igualmente muito falada reforma íntima, para pensar positivo, mas nem por isso os problemas deixam de existir. O que muda, e isso é o fundamental, é a nossa postura frente aos problemas. Não os tememos, enfrentamo-los. Não damos a eles importância maior do que realmente têm. Talvez o principal seja não dar força a eles, e essa força é dada por nosso pensamento, quando focamos neles. Onde está nosso pensamento está nossa energia, isso é fato.
Existem muitos pregadores da verdade, para os mais diversos gostos e temperamentos, a maioria deles formada por pessoas dignas e bem intencionadas. Mais que isso. Muitos ensinam a mesma coisa com conceitos diferentes, alguns um pouco incompletos ou mesmo um tanto distorcidos, mas nem por isso desprovidos do essencial.
Ao analisarmos essas pessoas, esses pregadores, às vezes grandes líderes, às vezes apenas condutores de rebanhos, podemos nos perguntar se eles praticam tudo o que pregam. Digamos que sim; então nos perguntamos se eles passam por problemas comuns à grande massa, e não precisa prestar uma atenção fora do comum pra ver que todos eles têm as mesmas necessidades que nós, as mesmas atribulações familiares, profissionais, sociais, até existenciais, pois que também adoecem, envelhecem, estão sujeitos às mesmas leis implacáveis da matéria. O que os pode diferenciar, o que nos distingue realmente uns dos outros é a maior ou menor sujeição às leis espirituais e morais.
Sempre haverá altos e baixos em nossas vidas, isso é inerente à condição humana em que estagiamos. Por mais alto que consigamos erguer nosso pensamento, por mais positiva que tornemos nossa visão da vida e de tudo o que nos cerca, não estamos no mundo sozinhos, precisamos uns dos outros, todos temos dívidas a saldar, lições a tomar, deveres a cumprir, imposições pessoais irrevogáveis.
O que você acha disso? Gostaria que fosse diferente? Às vezes preferiríamos que o fardo fosse mais leve, o caminho mais curto, a estrada menos íngreme. Mas então aprenderíamos o que precisamos aprender? Daria tempo de entender o que não entendemos? Seríamos úteis como intimamente sabemos que devemos ser? Sentiríamos a mesma satisfação, o mesmo bem-estar que nos proporciona a consciência do dever regiamente cumprido?
Consolos, você dirá, num momento menos ameno. Mas quando a poeira baixa e você vê novamente o horizonte você sabe que não se trata de simples consolos. A estrada é a mesma, igual o caminho, o fardo não mudou nada, mas a sua disposição já é outra, outro o seu ânimo, novamente a confiança lhe devolve a alegria, como tantas outras vezes já aconteceu. A diferença é que você vai se fortalecendo, aumentando a resistência, ganhando experiência, e os ombros já não sentem tanto o peso, e há menos buracos na estrada, e até o caminho parece que diminui…