Quem são os espíritos que incorporam nas igrejas evangélicas? Geralmente eles são chamados de demônios. Mas o que é demônio? Será um ser à parte da criação?
Nas manifestações que ocorrem nas igrejas evangélicas (como em qualquer outro lugar) há que se considerar, sempre, a possibilidade de mistificação, às vezes inquestionável. Mas há também o fator anímico, que é quase sempre negligenciado. Este é o tema deste pequeno vídeo, de apenas 7 minutos. Se preferir, leia o texto do vídeo, logo abaixo:
A Ana Paula, que assiste o meu canal no Youtube, fez uma pergunta a respeito dos demônios – dos demônios que incorporam em pessoas e se apresentam com os mais diversos nomes.
Ela escreve assim:
– Olá, eu preciso de um esclarecimento. Sempre acreditei em demônios porque fui criada em uma igreja evangélica, então vivenciei isso. Já conversei com esses supostos demônios incorporados em uma pessoa, que se diziam ser Exu Caveira, Tranca rua, Pomba-gira, Lúcifer, Cosme e Damião, entre outros… poderia me dar um explicação clara do que seriam esses seres?
Antes de mais nada vamos entender a origem da palavra demônio: Demônio é uma palavra grega, daimon, que quer dizer “espírito”. Para os gregos, o demônio é um espírito que acompanha uma pessoa. Platão narra que Sócrates tinha o seu daimon – provavelmente o mentor espiritual de Sócrates.
A palavra demônio se popularizou no Evangelho. O Evangelho – assim como todo o Novo Testamento – foi escrito em grego. E no Evangelho há muitas menções a demônios. Jesus expelia demônios, afastava demônios. Às vezes o Evangelho fala em demônio – no grego daimon – e às vezes fala em espírito impuro, que também traduzem como espírito imundo – no grego pneuma akatartos – que são a mesma coisa. O historiador judeu Flavio Josefo, que viveu na época de Jesus, nos informa que demônio é como os judeus chamavam os “espíritos dos homens perversos”.
Demônio é um espírito, um espírito como qualquer outro, apenas muito atrasado. Mas demônio não é um ser à parte da creação, -não existe, por exemplo, os animais, os homens e os demônios. Não é assim. Demônio é como chamavam, no tempo de Jesus, os espíritos atrasados, só isso.
A Ana Paula diz que foi criada em igreja evangélica. Eu frequentei algumas igrejas evangélicas, sei como são essas manifestações, aliás nós vemos isso todos os dias na televisão (pra quem assiste televisão, que não é o meu caso). E nós vemos, realmente, que esses espíritos se apresentam, se identificam como demônio, exu, pomba-gira.
Temos que considerar o animismo presente nessas manifestações. Existe a manifestação mediúnica e existe a manifestação anímica. A manifestação anímica é a manifestação do próprio espírito da pessoa. A pessoa que está ali não está necessariamente incorporada por um espírito. Ela pode estar incorporada, mas pode também estar manifestando aspectos de uma personalidade que ela animou numa outra existência. Isso não é consciente – ela pensa que está incorporada, mas não está; ela pensa que é um espírito se manifestando através dela, mas é ela mesma (e ela é um espírito, todos nós somos espíritos), é ela mesma que está manifestando aspectos do seu próprio ser que estão vivos no seu subconsciente. Isso não é fingimento (não que não exista o fingimento, a mistificação, mas nós não vamos considerar isso), mas a pessoa não está fingindo. Ela pensa que está incorporada. E quando perguntada sobre o seu nome ela se apresenta com um nome que inconscientemente ela associa a esse tipo de manifestação.
Então existe essa possibilidade de animismo, isso é muito mais comum do que se pensa e não pode ser desconsiderado.
No caso de ser realmente um espírito se manifestando, uma manifestação mediúnica: nós não podemos ignorar que o plano físico reflete o plano astral. Assim como há organizações religiosas, filantrópicas, beneficentes, aqui, lá também há essas organizações, aliás, elas nascem lá, e depois são implantadas aqui. Do mesmo modo, assim como há organizações criminosas aqui, em todos os níveis, há organizações criminosas lá.
Grandes organizações criminosas do plano astral arrebanham muitos milhares de espíritos – falanges de espíritos – para trabalharem para essas organizações. Quando nós vemos na televisão um jovem criminoso, que está no crime desde que nasceu, nós vemos que ele mal sabe falar, ele é analfabeto, só fala em gíria, se perguntar o nome completo da mãe e do pai ele provavelmente não sabe.
Do lado de lá é a mesma coisa. Com o agravante que muitos desses espíritos estão há muito tempo sem reencarnar, não têm plena consciência de si mesmos, praticamente não pensam, não refletem, vivem como autômatos. Essas falanges de espíritos formam ordens de trabalho que atendem por um nome. Isso tanto para o bem como para o mal. Uma falange de pretos-velhos que trabalham para o Bem, que fazem a caridade, eles formam uma ordem de trabalho. São milhares de espíritos que atendem, por exemplo, pelo nome de “Pai José”.
Do lado do crime também. Milhares de espíritos atendem pelo nome de Pomba-gira, de Lúcifer, de Tranca-rua. Existem entidades mais elevadas que atendem por esses nomes – mas nomes são apenas nomes. Um espírito pode se manifestar dizendo que é um santo qualquer. Nós é que temos que saber distinguir se ele é bom ou se ele não é bom. Como Jesus disse, pelos frutos se reconhece a árvore. Aliás, o apóstolo João já alertava para isso na sua epístola: “Amados, não creiais a todo o espírito, mas provai se os espíritos são de Deus, porque já muitos falsos profetas se têm levantado no mundo”. João 4:1
Então o que precisa ficar claro é que não existe demônio como um ser à parte da creação, o que existe são espíritos, todos nós somos espíritos nos mais diversos níveis de evolução. Essas entidades que se apresentam com os mais diversos nomes, são espíritos assim como eu e você. A diferença entre eles e nós é que eles estão mais atrasados, só isso. São espíritos quase sempre ainda primitivos, com muito pouco esclarecimento, que se esquecem muitas vezes da sua natureza humana. Eles são submetidos por espíritos mais poderosos, mais experientes, muito inteligentes, e que escolheram o caminho do mal. Isso não é difícil de entender, basta observarmos, por exemplo, a política; acontece exatamente a mesma coisa.