Estudo do Evangelho em vídeo, Vídeo

O verbo se fez carne e habitou em nós

A maior parte das traduções do Evangelho dizem que o verbo encarnou ENTRE nós, como se o verbo fosse Jesus. Não é verdade. O logos ou verbo é a partícula divina que habita em todos nós, pois todos somos filhos de Deus, creados à Sua imagem e semelhança, portanto, perfectíveis. A tradução correta é “o verbo habitou EM nós. Isso fica evidente conferindo os originais gregos ou a Vulgata de São jerônimo. 

E quem é o filho unigênito do Pai? Jesus? Novamente não. O filho unigênito é o logos ou verbo, que habita em todos nós. Jesus é o espírito que desenvolveu plenamente o logos, o Cristo interno que temos em nosso íntimo.

Esses assuntos são tratados neste vídeo, o 2º da série de estudos sobre o Evangelho de João.

Abaixo você pode ler todo o texto do vídeo.

JOÃO 1:6-18

Nós vimos que o início do Evangelho de João é um antigo hino que diz

  1. No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.
  2. Ele estava no princípio com Deus.
  3. Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez.
  4. Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens.
  5. E a luz resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam.

Estes são os versículos de 1 a 5. A seguir nós temos um deslocamento de texto. Os versículos 6, 7 e 8 deveriam vir imediatamente antes do versículo 19. Da maneira como está eles quebram a ordem natural do texto.

  1. Houve um homem enviado de Deus, cujo nome era João.
  2. Este veio para testemunho, para que testificasse da luz, para que todos cressem por ele.
  3. Não era ele a luz, mas para que testificasse da luz.

O autor do Evangelho está nos apresentando João Batista, que era primo de Jesus e foi o precursor de Jesus.

Na época em que este Evangelho foi escrito – talvez entre os anos 90-95, ou posterior a isso – o Cristianismo, assim como hoje, estava dividido em várias correntes de pensamento. O Cristianismo só foi unificado a partir dos Concílios de Niceia e Constantinopla, com a sua adoção pelo Império Romano. Unificado à força, pois todos que divergiam do pensamento predominante, que deu origem à Igreja Católica Apostólica Romana, foram duramente perseguidos.

Além de diversas facções cristãs, havia os judeus que não haviam se convertido ao Cristianismo e havia os seguidores de João Batista, que é o que nos interessa aqui.

Até hoje, principalmente no atual Iraque, existem cerca de 100 mil seguidores do Mandeísmo, uma religião que venera João Batista como o messias.

Flavio Josefo, o historiador judeu contemporâneo de Jesus, cita Jesus apenas de passagem por duas vezes, mas diz que grandes multidões seguiam João Batista – ou os ensinamentos de João Batista, mesmo depois da sua morte.

Na época em que este Evangelho foi escrito muitos pensavam que João Batista fosse o Messias prometido, por isso o evangelista João faz questão de esclarecer que João Batista não era “a luz”, ele era apenas “testemunha da luz”.

Posteriormente, alguém deslocou o conteúdo destes três versículos para dar maior ênfase a esse alerta sobre o papel coadjuvante de João Batista. Sem o deslocamento de conteúdo, o texto teria uma continuidade natural:

  1. No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.
  2. Ele estava no princípio com Deus.
  3. Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez.
  4. Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens.
  5. E a luz resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam.
  6. Ali estava a luz verdadeira, que ilumina a todo o homem que vem ao mundo.
  7. Estava no mundo, e o mundo foi feito por ele, e o mundo não o conheceu.
  8. Veio para o que era seu, e os seus não o receberam.

Podemos observar, ao longo deste Evangelho, que, diferentemente dos Evangelhos sinóticos, aqui João Batista não é exaltado como um grande profeta.

O versículo 6 diz: Houve um homem enviado de Deus, cujo nome era João.

“Houve um homem enviado de Deus (…)” – ele foi “enviado” por Deus.

Se ele foi “enviado” por Deus, ele já existia – só pode ser enviado alguém que já existe.

Ele foi enviado “(…) para testemunho, para que testificasse da luz, para que todos cressem por ele” – só pode testificar a respeito de uma coisa quem conhece essa coisa.

Fica evidente que João Batista, antes de nascer, já existia, e que era absolutamente consciente, pois foi incumbido da missão de testemunhar a respeito da luz. João Batista, como sabemos, foi a reencarnação de Elias.

Ainda no versículo 7 é dito que João veio testificar da luz “(…) para que todos cressem por ele” – o verbo traduzido como “crer” (para que todos “cressem”) é pisteúsosin (πιστευσωσιν) – subjuntivo aoristo na voz ativa, terceira pessoa do plural do verbo pisteuó (πιστευω), que é geralmente traduzido por “crer” ou “ter fé”.

João Batista não veio para que todos “cressem” na luz através dele. João Batista veio para que todos “fossem fieis” à fonte da luz, para que todos “sintonizassem” com a luz, para que “entrassem em harmonia” com a fonte da luz através dele. Ele sintonizou com a luz. Num fenômeno de indução, levaria outros a sintonizarem como ele.

Ele não é a luz, mas reflete a luz – assim como a Lua não é o Sol, mas reflete a luz do Sol.

O versículo 9 retoma o que foi interrompido no versículo 5:

  1. Ali estava a luz verdadeira, que ilumina a todo o homem que vem ao mundo.

A luz verdadeira é o Logos.

João diz na sua primeira epístola que Deus é luz. O Logos é Deus manifestado, é Deus tornado perceptível no mundo sensível. Essa luz é o próprio Logos.

O texto diz que a luz verdadeira – que é o Logos – ilumina a “todo o homem” que vem ao mundo. Todo o homem – em Mateus 25:40 Jesus nos diz que tudo o que fazemos ao menor dos irmãos é a ele que estamos fazendo.

Jesus é o Cristo, o Logos encarnado, o espírito que desenvolveu plenamente o seu Cristo interno. Todo homem é habitado pelo Logos, por isso, o que fazemos ao nosso próximo, estamos fazendo ao Logos. O Logos está dentro de cada um de nós. É a partícula divina, uma fagulha da luz divina que cada um de nós tem dentro de si.

O adjetivo alethinón (αληθινον), que é traduzido como “verdadeira”, ressalta a qualidade real em oposição à qualidade ilusória ou falsa.

Esta luz é verdadeira, não é como as falsas ou ilusórias luzes. Nós temos a luz verdadeira de Deus dentro de nós.

  1. Estava no mundo, e o mundo foi feito por ele, e o mundo não o conheceu.

A palavra “conhecer” na Bíblia tem um sentido mais profundo – no Gênesis, quando Adão manteve relações sexuais com Eva, é dito que Adão “conheceu” Eva.

“Conhecer” na Bíblia pressupõe intimidade, reciprocidade, contato, uma relação pessoal entre aquele que conhece e aquilo que é conhecido.

Nós somos creação divina, temos o Logos dentro de nós, mas não o conhecemos – não temos contato íntimo com ele, não temos uma relação de reciprocidade, não temos uma experiência real com o Logos.

  1. Veio para o que era seu, e os seus não o receberam.

Aqui é possível perceber a referência a Jesus, o Logos encarnado. Jesus veio para despertar o Logos que habita dentro de cada um de nós. Mas a nossa partícula divina, o nosso Cristo interno, não recebeu Jesus.

“Receber”, aqui, tem o sentido de aceitação íntima, como quem recebe um familiar em sua casa ou quem recebe um ensino e o adota para si.

  1. Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que crêem no seu nome;

A palavra traduzida como poder é exousia (εξουσια), que é poder no sentido de transferência de autoridade, delegação, condições para fazer.

Os que recebem ou aceitam o Logos entram naturalmente em harmonia com Deus. Quando o nosso Deus imanente, o nosso Cristo interno, a partícula de Deus de que nós somos feitos, se harmoniza com a creação divina, nós nos tornamos divinos. O Logos é isso, é a manifestação de Deus.

“Filho de Deus” quer dizer “divino”. A expressão “filho de” é um hebraísmo que designa uma qualidade – o filho da luz é o iluminado; o filho do mundo é o mundano; o filho do homem é o homem no seu próximo estágio evolutivo; o filho de Deus é um estágio além, é o homem que vive plenamente de acordo com a sua natureza divina, de acordo com a sua qualidade de ser creado à imagem e semelhança de Deus, portanto, perfectível.

“(…) deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no seu nome” – nós já falamos há pouco a respeito do verbo “crer”, uma tradução incompleta do verbo pisteuó (πιστευω). Pisteuó está muito além de apenas crer. Pisteuó é ser fiel, ser leal, ser obediente, é aderir totalmente, é sintonizar, entrar em harmonia.

Só crer não adianta nada. Como diz o apóstolo Tiago, crer até os demônios creem em Deus.

A tradução diz “(…) aos que creem no seu nome” – o “nome”, na Bíblia, não é apenas uma palavra para designar uma coisa. O nome representa a própria coisa. Em João 17:6 Jesus diz que veio manifestar o nome de Deus. Essa manifestação é a própria vida de Jesus.

O nome é a manifestação externa de uma realidade interna. O nome é a manifestação da essência em forma de existência. Os judeus, até hoje, evitam pronunciar o nome de Deus, porque o nome representa o próprio Deus. O nome Jesus quer dizer Deus salva, ou Deus é a salvação.

Então não basta crer no nome de Jesus. O que está aqui é que precisamos sintonizar com a salvação de Deus, entrar em harmonia com a salvação de Deus, aderir à salvação de Deus através da nossa própria transformação.

Todos somos filhos de Deus. Mas nos esquecemos da nossa natureza divina. Assim como o filho pródigo, narrado no Evangelho de Lucas, por conta dos nossos inúmeros erros nós já não nos achamos dignos de ser considerados filhos.

  1. Os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus.

Os seres que se divinizaram, que se tornaram manifestações plenas de Deus, não alcançaram este estágio por nada que envolva aspectos materiais, mas pela evolução do espírito.

O homem como personagem, como animal racional, nasce do sangue ou da vontade da carne ou da vontade do homem.  Mas o espírito imortal nasce de Deus – o que nasce da carne é carne, o que nasce do espírito é espírito (João 3:6).

A carne descende da carne, mas o espírito descende do espírito. João diz, na sua primeira epístola, que Deus é espírito (1 João 4:24). Nós somos espíritos, somos nascidos de Deus.

  1. E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade.

O verbo não habitou “entre” nós. O verbo habitou “em” nós: εσκηνωσεν εν ημιν.

A preposição en quer dizer “em”. Não há porque traduzir como “entre”.

Na Vulgata Latina, a tradução da Bíblia para o latim feita por São Jerônimo na virada do século IV para o século V, a tradução é habitavit in nobis – “habitou em nós”.

A preposição latina in quer dizer “em”, e não “entre”.

Então o verbo ou logos habitou “em” nós. O Logos se fez carne, ou seja, tornou-se humano (João 17:2).

O Logos está presente em toda a creação. Mas só o ser humano desenvolveu consciência de si mesmo e tem condições de meditar a respeito de Deus, é capaz de sentir Deus. Por isso é dito que o Logos “habitou” em nós – na verdade, “construiu tabernáculo” ou “ergueu tabernáculo” em nós. O verbo eskénosen (εσκηνωσεν) quer dizer isso. Este verbo é formado da palavra skené (σκηνη), que quer dizer “tenda”, ou, em termos bíblicos, “tabernáculo”.

O tabernáculo era uma tenda ou barraca onde, desde o êxodo (a saída do povo israelita do Egito conduzido por Moisés) até o tempo do rei Davi, era realizado o culto a Javé, o deus dos judeus.

O Logos está em nós mas não está instalado permanentemente neste mundo, está só de passagem – assim como o tabernáculo no deserto – até manifestar plenamente o amor e a luz.

O tabernáculo era composto por três partes: o átrio exterior, o santo lugar e o santo dos santos.

No santo dos santos havia o véu, que separava o santo dos santos do santo lugar, e lá dentro ficava a arca da aliança, que simbolizava a presença de Deus e carregava as tábuas da Lei.

Deus “tabernaculizou” em nós através do Logos. Em nosso íntimo, temos a consciência – a consciência é o santo dos santos, onde estão as Leis de Deus.

A questão 621 de O Livro dos Espíritos diz que as Leis de Deus estão escritas em nossa consciência. E assim como um véu protegia ou escondia o santo dos santos, onde estavam as Leis de Deus, a consciência está protegida ou escondida pelo véu da ignorância.

O tabernáculo era a morada de Deus. Fica muito claro que cada um de nós é um templo vivo de Deus. E Deus habita em nós quando nós nos tornamos receptivos a Ele através do amor:

“Se alguém me ama, guardará a minha palavra, e meu Pai o amará, e viremos para ele, e faremos nele morada” (João 14:23).

“(…) vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade” – “glória” é a tradução da palavra grega doxa (δoξα), que originalmente tem a ver com a opinião que se faz de alguém, e a fama que advém disso; ou com o exercício de uma opinião pessoal e o valor que nos é dado por isso. Está ligada à aparência, à parte de nós que aparece. Foi a melhor palavra que acharam para traduzir a palavra hebraica Kabod, que originalmente quer dizer “peso”, e, figurativamente, o “peso da presença de Deus”, ou a própria presença de Deus.

A glória do Logos é o peso de uma presença plena de graça e verdade. Essa glória é “(…) como a glória do unigênito do Pai (…)” – “unigênito” é a tradução da palavra grega monogenés (μονογενης). Monogenés é junção das palavras mónos que quer dizer, “único”, “simples”, e génos, que se refere a “prole”, “família”, “raça”.

O Logos é uma mesma prole, uma mesma família, uma mesma raça. O Logos está em tudo, pois é Deus manifestado no mundo sensível.

A maioria interpreta o monogenés ou unigênito como se estivesse se referindo exclusivamente a Jesus – isso é apenas vício de interpretação, ideia preconcebida. Leia-se com atenção os versículos 1 a 14, saltando os versículos 6, 7 e 8, que estão deslocados do seu lugar de origem, e fica muito claro que tudo se refere ao Logos que habita em todos nós.

É claro que desde o versículo 11 percebe-se a menção a Jesus. Mas Jesus é encaixado no texto sobre o Logos, porque Jesus é o espírito que desenvolveu plenamente o Logos, o seu Cristo interno. Jesus tornou-se pura manifestação de Deus. Mas Jesus é um espírito como você e eu. Incalculavelmente mais velho, mais experiente, mas pertencente à mesma prole, à mesma família, à mesma raça, que é única.

Todo o Universo é creação de Deus. Todos os seres têm a Deus por Pai. O que nos diferencia uns dos outros são os diferentes graus de evolução, tão numerosos quantos são os seres no Universo infinito. Jesus nos ensinou a ver Deus como a um Pai. É uma imagem antropomórfica, ou seja, em forma de homem, relativa às coisas dos homens. A expressão “filho unigênito” é uma imagem antropomórfica – assim como um pai tem um filho, Deus tem a Sua creação. Assim como um filho único muito amado herda a glória do seu pai, o Logos – que é a manifestação de Deus, que é Deus Pai manifestado na creação – é a própria glória de Deus.

“(…) vimos a sua glória (…)” – ou “contemplamos a sua presença”, a sua presença plena de graça e verdade como a presença de um filho único de um pai.

Voltar para o Pai, que é o nosso grande objetivo espiritual, é sermos filhos voltados unicamente para o Pai, para o único gene.

O primeiro mandamento: “Amarás o senhor teu Deus com todo o teu espírito, com todo o teu coração, com todas as tuas forças”, tem como objetivo justamente nos “unigenizarmos” na orientação de nossa vontade para Deus.

“(…) vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade” – “graça” é benevolência, é boa vontade. É o que nós precisamos desenvolver em relação ao nosso próximo para nos tornarmos receptivos a Deus. “Verdade” é a tradução da palavra grega alétheia (αληθεια).

Alétheia é definida como verdade, realidade, sinceridade, mas o seu sentido aqui é muito mais profundo. Alétheia é composto pelo prefixo a com o sentido de negação e a palavra léthe, que quer dizer “esquecimento”. Da palavra grega léthe é formada a palavra “letargia”, que é um estado mórbido com a aparência de morte. Então alétheia é o despertamento, o desvelamento do que estava esquecido, é despertar da letargia, sair do torpor da letargia, deixar o estado de morte aparente do espírito e despertar para a verdadeira vida.

Jesus, o Logos encarnado, é um espírito cheio de graça e verdade – cheio de benevolência, de boa vontade, e absolutamente desperto, “unigenizado” com o Pai.

Nós vimos que o Logos está dentro de nós. Essa graça e essa verdade, portanto, estão dentro de nós, em estado latente, competindo a nós mesmos o seu desenvolvimento.

  1. João testificou dele, e clamou, dizendo: Este era aquele de quem eu dizia: O que vem após mim é antes de mim, porque foi primeiro do que eu.

João Batista dá o seu testemunho de Jesus, esclarecendo que ele começou a sua pregação antes de Jesus, mas Jesus é um espírito mais velho do que ele.

  1. E todos nós recebemos também da sua plenitude, e graça por graça.

Daquilo que Jesus está cheio, todos nós recebemos. Deus está permanentemente com as Suas mãos abertas despejando as Suas dádivas sobre nós. Nós é que na maioria das vezes não estamos receptivos a elas.

 Jesus disse que tudo quanto quisermos que os homens nos façam nós devemos fazer a eles (Mateus 7:12) – é o que está dito aqui: nós recebemos da plenitude de que Jesus está cheio, mas recebemos “graça por graça”, uma pela outra. Graça é benevolência e boa vontade. Conforme somos benevolentes com o nosso próximo, a Vida é benevolente para conosco.

  1. Porque a lei foi dada por Moisés; a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo.

A lei foi revelada por Moisés. É verdade que há leis eternas reveladas por Moisés. O maior mandamento citado por Jesus, que é “amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo” é lei de Moisés, lei do Antigo Testamento. Mas o que marcou a revelação mosaica é a Lei de ação e reação: olho por olho e dente por dente. Jesus nos ensina a benevolência para com todos e a verdade, que como nós vimos, é o desvelamento.

Nos Evangelhos nós encontramos, por trás do véu das letras mortas, tudo o que precisamos saber para a nossa libertação espiritual. Em Lucas, quando Jesus morreu, é narrado que rasgou-se o véu do templo. Vimos que o véu do tabernáculo é que protegia ou escondia a arca da aliança, onde estavam as Leis de Deus – as Leis de Deus estão gravadas em nossa consciência, e o Evangelho de Jesus nos desvela, tira o véu que encobre a nossa consciência.

Este é o sentido profundo da palavra verdade no Evangelho – tirar o véu do que está oculto.

Percebemos novamente aqui que o evangelista faz questão de salientar a superioridade de Jesus em relação a Moisés, certamente como uma resposta aos judeus que não haviam se convertido ao Cristianismo.

  1. Deus nunca foi visto por alguém. O Filho unigênito, que está no seio do Pai, esse o revelou.

Aqui o evangelista está desmentindo Moisés que dizia que Deus falava com ele face a face (Êxodo 33:11).

A expressão “estar no seio” se refere à posição que o convidado principal de um banquete ocupava, próximo ao anfitrião. Como eles comiam praticamente deitados, recostados sobre divãs, quem ficava ao lado do anfitrião ficava com a cabeça próxima ao seu peito.

O Logos, que é o filho unigênito do Pai, a creação divina, manifestação da essência de Deus em forma de existência, é que revela Deus.

Deus não pode ser visto, mas revela-Se através da Sua creação.

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