Em vez de se perder em discussões estéreis, use o poder que você tem. O poder de Deus que jaz em você não deixa de existir por você não saber explicá-lo.
Deus é a ideia mais alta do pensamento humano. O ser humano se subdivide em tantos graus de compreensão e entendimento quantos são os seus membros, ou seja; não há dois que pensam de maneira exatamente igual. Cada um pensa de acordo com sua experiência e consequente alcance mental. Segundo esse raciocínio, Deus não tem a mesma grandeza para todos, em que pese seja Ele único e imutável.
Por isso emprestamos a Deus todas as nossas neuras e manias. O velho Jeová de guerra, brabo, porco e rancoroso, nada mais era que um repositório das virtudes e defeitos, mais estes que aqueles, do povo eleito de então. Hoje fazemos uma imagem mais condizente com o Criador do Universo, mas ainda o trazemos, atavicamente, como imagem humana, ou, simplesmente, imagem.
Por outro lado, divinizamos Jesus. A doutrina da santíssima trindade faz isso declaradamente, professando um Deus único preconizado em três pessoas distintas, das quais o filho é Jesus, Deus filho. Filho unigênito de Deus, governador do Planeta Terra, filósofo, espírito iluminado, homem mais perfeito que já pisou sobre a Terra; seja qual for a terminologia que se use ou a ideia que se faça dele, na maioria das vezes acabamos confundindo-o com o próprio Criador. Humanizamos Deus e divinizamos Jesus.
Se por um lado nossa inquietação e sede de saber nos propulsionam para o progresso, já que nunca nos damos por contentes, por outro lado perdemos tempo e energia preciosos com discussões estéreis e conceitos errôneos que não nos servem para nada. Temos em nossa frente um lindo quadro, uma pintura primorosa, digna de embevecimento, e prestamos atenção unicamente no cocô de mosca que há na moldura.
Ninguém sabe o que é eletricidade. Explicam seu funcionamento e nos beneficiamos dela, mas o que ela é, exatamente, ninguém sabe. Seria o caso de abrirmos mão de seus inúmeros benefícios para ficarmos discutindo sua causa e qualidades? O mesmo se dá com o ensinamento do Mestre. Você sabe, por experiência própria ou por observação, que a prática de seu ensino eleva e produz bons frutos. No entanto, quantas vezes você se perdeu em dúvidas não quanto à verdade do evangelho, mas quanto a pormenores dogmáticos ou conceituais?
É fato facilmente comprovável, por quem quer que se disponha a testar, que o pensamento é criador, que a mente subconsciente procura todos os meios à sua disposição para criar no mundo da matéria aquilo que existe no mundo mental. A mente subconsciente não julga, não racionaliza, apenas crê no que quer que lhe seja afirmado. Como isso funciona? Há teorias a respeito, nenhuma esgota o assunto. Na verdade, não conhecemos a explicação. Não está ao nosso alcance, espíritos imperfeitos – mas perfectíveis – que somos, a explicação de tudo.
Você acha que devemos esperar explicações racionais satisfatórias para só então colocar em prática verdades que nos são ensinadas há tanto tempo? Já disse o Mestre, no Sermão da Montanha: Pedi e obtereis, buscai e achareis, batei, e abrir-se-vos-á. Ele não nos explicou como acontece a realização, como se dá o fenômeno. Não entenderíamos. Não há meios de explicar o que é inexplicável na linguagem humana.
Que é a fé, senão crer intuitivamente em algo que não pode ser demonstrado materialmente, cartesianamente? O poder que você tem, o poder de Deus que jaz em você, esperando para ser despertado, não deixa de existir porque você não acredita ou porque não se pode prová-lo. Apenas permanece adormecido, em estado letárgico, à espera de que sua fé o desperte. E a fé, na prática, nada mais é que uma ideia em sua mente. Uma ideia insistente, como uma semente que você planta e sabe que vai germinar, basta regar e esperar.