Estudo do Evangelho em vídeo, Vídeo

O ensinamento moral de Jesus

O ensinamento moral de Jesus é eterno, válido em qualquer lugar em qualquer tempo. Podemos questionar, de acordo com as nossas crenças, os milagres, as predições e os aspectos doutrinários do seu ensinamento. Muitas correntes religiosas que se dizem cristãs brigam por causa disso. O mesmo não ocorre com o seu ensino moral. A moral do Cristo é aceita por qualquer pessoa de bom senso. Se seguíssemos o seu ensinamento moral, os grandes problemas da Humanidade estariam resolvidos. Neste vídeo, o 9º de uma série de 30 vídeos sobre o Evangelho de Lucas, aborda a parte final do capítulo 6 deste Evangelho, em que estão condensados os ensinamentos morais que Jesus nos ensinou.

Abaixo você pode ler todo o texto do vídeo.

CAPÍTULO 6

27. Mas a vós, que isto ouvis, digo: Amai a vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam.

Não conseguimos sentir pelos nossos inimigos o mesmo que sentimos pelas pessoas que amamos. Como assinalou Allan Kardec, o sentimento pelos inimigos resulta de uma lei física: a lei da assimilação e repulsão dos fluidos.

O pensamento malévolo emite uma corrente fluídica que causa uma impressão desagradável; o pensamento benévolo envolve-nos num eflúvio agradável.

Por isso a diferença de sensações que se experimenta quando se aproxima  um inimigo ou quando se aproxima um amigo. Podemos associar as diferentes impressões causadas pela presença de amigos ou inimigos aos mecanismos da lei de atração e repulsão.

Mas podemos desejar aos nossos inimigos todo o bem possível, perdoar todas as suas ofensas. Lembramos que perdoar é deixar ir, deixar para trás, libertar-se. Nos libertamos dos erros cometidos pelos nossos inimigos dirigidos direta ou indiretamente contra nós.

Lembremos que nós também já ofendemos e prejudicamos muitas pessoas, propositadamente ou não, nesta ou em outras existências, e que nós também queremos ser perdoados.

Lembremos ainda que na oração que Jesus nos ensinou pedimos que Deus nos perdoe da mesma forma que nós perdoamos aos nossos inimigos. Para sermos totalmente perdoados, então, devemos perdoar totalmente.

Se conseguirmos fazer o bem aos que nos querem mal, estaremos nos distanciando cada vez mais do mal.

Se conseguirmos tratá-los com respeito e com a mesma consideração com que tratamos aos nossos amigos, já estaremos dando um importante passo em direção à libertação do ego, do personalismo que se ofende. Porque é o nosso personalismo que se ofende, o espírito imortal não tem porque se ofender.

28. Bendizei os que vos maldizem, e orai pelos que vos caluniam.

Se cada vez que soubermos que alguém se refere a nós pejorativamente, com malícia e maldade, nós nos referirmos a este alguém com respeito e compreensão, estaremos quebrando ou impedindo a ligação negativa que iria se instalar entre ele e nós.

Se nós devolvermos cada palavra, cada olhar negativo que recebemos com um bom pensamento, nós nos tornamos imunes ao mal que esta pessoa deseja contra nós e que poderia se instalar em nossos corações se lhe déssemos guarida.

O mal que é dirigido a nós só fica alojado em nós se nós dermos guarida a ele. Não podemos evitar totalmente que alguém nos deseje o mal. Mas este mal só terá acesso a nós se nós dermos acesso a ele.

Se o nosso pensamento estiver focado no mal, o pensamento mau que alguém dirige contra nós é assimilado e aceito. Passa a fazer parte dos nossos próprios pensamentos.

Se o nosso pensamento estiver focado no bem, o pensamento mau que alguém dirige contra nós encontra uma barreira energética e não pode ser assimilado pelo nosso pensamento, não pode nos atingir.

Podemos e devemos orar sinceramente pelos nossos inimigos. Temos que pedir que lhes aconteçam as mesmas coisas que pediríamos pelos nossos filhos ou por alguém que esteja sob nossa proteção e responsabilidade.

A oração pelos nossos inimigos, mesmo que num primeiro momento seja forçada, com o tempo, a vontade firme e a insistência, nos eleva, nos deixa maiores do que qualquer rixa ou disputa, nos permite compreender o erro absurdo que é desejar o mal de alguém, e nos faz entender como é triste odiar.

29. Ao que te ferir numa face, oferece-lhe também a outra; e ao que te houver tirado a capa, nem a túnica recuses.

 A primeira dificuldade prática que nós, particularmente, encontramos no Evangelho, quando o estudamos pela primeira vez, aos oito anos de idade, foi esta: oferecer a outra face. Não podemos levar isso ao pé da letra.

No estágio evolutivo em que está a humanidade, mesmo que alguém já esteja suficientemente elevado para colocar isso em prática, estaria, talvez, assumindo uma passividade insustentável, pois o Mal não encontraria resistência e dominaria o Bem.

Jesus também nos diz, noutra ocasião, que se a mão for motivo de escândalo, devemos cortá-la, e que se o olho for motivo de escândalo, devemos arrancá-lo. Mas sabemos que isso é uma metáfora que se refere à maneira radical com que devemos abolir os nossos maus hábitos ou, ainda, se refere simbolicamente à reencarnação (Nosso corpo físico reflete as informações arquivadas em nosso subconsciente. Os males que causamos ao próximo fica gravado em nós e tende a se manifestar no corpo físico).

Oferecer a outra face é oferecer um outro modo de ver, é oferecer uma outra atitude,

é mostrar a outra face da questão, o outro lado da moeda, o lado da compreensão, do entendimento, do perdão.

Oferecer a outra face é não oferecer a mesma face, que seria a devolução na mesma moeda, que seria a vingança, o olho por olho e dente por dente.

“… ao que te houver tirado a capa, nem a túnica recuses”. – Isso também deve ser encarado como um simbolismo que se refere às coisas do espírito.

Se todas as pessoas honestas do mundo colocassem em prática esta recomendação, todos se veriam privados de todos os seus bens, e os desonestos não hesitariam em ficar com tudo.

Isso se refere às coisas do espírito, às pessoas que ajudamos e apoiamos, aos que nos pedem ajuda espiritual, conselhos e orações, aos que usam o nosso tempo, que poderia ser reservado à nossa família, aos nossos filhos, ao nosso lazer.

A estes não devemos nos negar, pois estamos oferecendo a eles a oportunidade de esclarecimento espiritual, o que poderá levá-los a não precisarem mais de ajuda no futuro, diferentemente do que aconteceria se levássemos essa recomendação de Jesus ao pé da letra, em que estaríamos colaborando para que os desonestos jamais se tornassem honestos, que não trabalhassem e que não aprendessem a se bastarem por si mesmos.

30. E dá a qualquer que te pedir; e ao que tomar o que é teu, não lho tornes a pedir.

Aqui nós temos a confirmação de que estas recomendações se referem às coisas do espírito. Aliás, todo o ensinamento de Jesus é espiritual.

Devemos dar ao que nos pedir. Isso pode e deve ser colocado em prática em relação às coisas materiais, mas não pode ser seguido sempre. Temos que usar o discernimento e o bom senso.

Se fôssemos mais caridosos daríamos mais de nossas coisas a quem precisa. Por outro lado, se seguirmos a recomendação de Jesus ao pé da letra, sem usarmos o bom senso, teremos que tirar o prato de comida da boca de nossos filhos para darmos dinheiro para alguém que sabidamente vai usar drogas com este dinheiro, ou, num possível exagero, teríamos que dar dinheiro para alguém que quisesse comprar uma arma para cometer suicídio.

Temos que dar coisas materiais com bom senso e temos que dar de nós mesmos através do esclarecimento, do consolo, do conselho, do trabalho voluntário.

E aqui a indicação sobre qual é o foco desta recomendação: “… ao que tomar o que é teu, não lho tornes a pedir”.

O que é nosso? Sabemos que tudo o que é material não nos pertence, os bens materiais de que dispomos são empréstimos que Deus nos concede e sobre os quais nós teremos que prestar contas quando desencarnarmos.

Nada levaremos conosco a não ser os nossos conhecimentos e experiências e as nossas aquisições morais.

Isso é o que é nosso. Nossos conhecimentos, nossas experiências e as nossas aquisições morais. Mesmo considerando que isso também pertença a Deus, é a parte que passamos a ter em comum com Deus. Isso faz parte, portanto, do nosso patrimônio espiritual. E é isso o que devemos dar ao próximo e não podemos negar ao próximo.

Temos o dever de compartilhar, com quem precisa e esteja disposto a receber, os conhecimentos que adquirimos, as experiências que aprendemos, e ensinar o caminho dos avanços morais que conquistamos. Ajudando o próximo em sua caminhada estaremos ajudando a nós mesmos.

No aspecto material, quanto mais damos, menos temos; no aspecto espiritual, quanto mais damos, mais temos. Tanto o bem quanto o mal que fazemos atinge, em primeiro lugar, a nós mesmos.

31. E como vós quereis que os homens vos façam, da mesma maneira lhes fazei vós, também.
32. E se amardes aos que vos amam, que recompensa tereis? Também os pecadores amam aos que os amam.

Amar aos que nos amam não deixa de ser egoísmo. É um exercício para o amor verdadeiro, que é o amor incondicional, mas ainda é egoísmo.

Estamos amando pelo amor que eles sentem por nós. É um amor condicional, só amamos porque somos amados. Se deixarem de nos amar, possivelmente também deixaremos de amá-los.

Além disso, amar não é querer para si, amar não é aprisionar alguém ao seu lado. Amor é liberdade.

33. E se fizerdes bem aos que vos fazem bem, que recompensa tereis? Também os pecadores fazem o mesmo.

Fazer o bem aos que nos fazem bem também é bondade condicional. É um exercício para a bondade, mas não é a bondade. Pois, se deixarem de nos fazer bem, deixaremos de fazer o bem a eles.

34. E se emprestardes àqueles de quem esperais tornar a receber, que recompensa tereis? Também os pecadores emprestam aos pecadores, para tornarem a receber outro tanto.
35. Amai, pois, a vossos inimigos, e fazei bem, e emprestai, sem nada esperardes, e será grande o vosso galardão, e sereis filhos do Altíssimo; porque ele é benigno até para com os ingratos e maus.
36. Sede, pois, misericordiosos, como também vosso Pai é misericordioso.

Toda a nossa tentativa de nos melhorarmos, de nos reformarmos intimamente é uma tentativa de aproximação de Deus.  A evolução espiritual consiste na imitação de Deus.

Deus não faz acepção de pessoas, Deus nos oferece a todos o Sol e a chuva. O Sol ilumina e aquece da mesma forma o santo e o bandido. A chuva limpa e refresca o homem bom e o homem mau.

Nós devemos imitar Deus e não fazer distinção entre as pessoas. Uma das características de Deus que podemos imitar é a misericórdia. Misericórdia para os que nos prejudicam ou tentam nos prejudicar de algum modo.

Se revidarmos o mal recebido, ficamos com um duplo mal: o mal que nos atingiu e o mal que partiu de nós. Se apenas perdoarmos, ou seja, se nos libertamos do mal que nos atingiu, não sofremos as consequências dele, mas ele continua existindo.

Mas se nós devolvermos o mal com o bem, nós anulamos o mal. Este mal, para nós, já não será mal, pois o seu resultado foi um bem. Além disso, embora este mal permaneça na consciência de quem o praticou, é possível que o bem devolvido em troca deste mal modifique a disposição mental de quem o gerou.

37. Não julgueis, e não sereis julgados; não condeneis, e não sereis condenados; soltai, e soltar-vos-ão.
38. Dai, e ser-vos-á dado; boa medida, recalcada, sacudida e transbordando, vos deitarão no vosso regaço; porque com a mesma medida com que medirdes também vos medirão de novo.

Os critérios que utilizamos para julgar o próximo são os mesmos critérios que a nossa consciência vai utilizar para julgar a nós mesmos. Quanto mais rigorosos formos para com o próximo, mais rigorosa será a nossa consciência para nos julgar.

A maneira como você se porta para com os outros é a maneira como a Vida irá se portar com você. Se você for duro e julgador, a Vida também será dura e julgadora com você. Se você for compreensivo e bom, a Vida também será compreensiva e boa com você. Com a medida com que medirdes, sereis medidos.

O mesmo critério que você usa nas suas relações pessoais, profissionais, familiares, é o critério que a Vida irá usar com você. A Vida lhe devolve o que você oferecer a ela.

Podemos observar que não há uma proibição de julgar. Jesus não nos proibiu de julgar. Mas nos advertiu de que somos nós que decidimos o grau de dureza ou suavidade com que nós mesmos seremos julgados. Esse parâmetro com que nós seremos julgados é a maneira com que nós julgamos o nosso próximo.

Tudo isso diz respeito à Lei de causa e efeito. Nosso julgamento em relação aos outros é a causa, e o efeito dessa causa é o julgamento que nós sofreremos por parte dos outros.

39. E dizia-lhes uma parábola: Pode porventura o cego guiar o cego? Não cairão ambos na cova?

Isto se refere aos pretensos donos da verdade, aos que pensam que têm condições de conduzir rebanhos. Podem conduzir por algum tempo, sim. Mas são cegos conduzindo cegos.

São cegos das coisas do espírito, que olham, mas nada veem, guiando outros cegos, guiando os cegos morais, que não se questionam, que não perguntam nada às suas próprias consciências, que não consultam a razão.

Deus nos dotou de razão para usarmos a razão, para raciocinarmos, inquirirmos, indagarmos, questionarmos, e não para aceitarmos qualquer asneira que saia da boca de algum líder religioso, sem a menor lógica, sem nenhum compromisso com a verdade e com os avanços da ciência, como se fosse verdade absoluta; lideranças pseudorreligiosas intelectualmente frágeis e de moral duvidosa que se apossam da credulidade e da cegueira moral de pessoas sem preparo, utilizando-se de passagens obscuras de livros velhos para dominar as suas mentes. São cegos guiando cegos, e cairão todos juntos na cova.

40. O discípulo não é superior a seu mestre, mas todo o que for perfeito será como o seu mestre.

Nosso mestre é Jesus. O mestre de qualquer cristão sincero é Jesus. As mais variadas denominações religiosas tiveram seus fundadores, seus codificadores, que, com raras exceções, foram movidos por boas intenções e exerceram papel importante na divulgação do ensino de Jesus. Mas nenhum líder religioso pode tomar o lugar de Jesus.

Em nossa cultura ocidental o pensamento religioso é essencialmente cristão, com maior ou menor fidelidade ao pensamento do Cristo. Temos que procurar seguir o ensinamento do Cristo o mais próximo possível da Verdade, o mais próximo possível ao modo como ele foi ensinado por Jesus.

Por isso não devemos nos prender a dogmas, pois os dogmas foram inventados pelos religiosos. Podemos respeitá-los, analisá-los, compreender que sua elaboração se deveu à necessidade de acomodar o ensino religioso às mentes ainda não preparadas para lidar com a razão, mas não devemos seguir cegamente a opinião deste ou daquele. Isto vale para a opinião dos apóstolos ou dos profetas do Antigo Testamento.

“O discípulo não é superior a seu mestre”, disse Jesus. Jesus foi caluniado, perseguido e injustiçado. Acusaram Jesus de ser o “chefe dos demônios”. Se o mestre foi caluniado e perseguido injustamente, o discípulo do mestre não pode se surpreender se experimentar algo parecido. Conforme a ciência vai avançando e demonstrando a veracidade de alguns pressupostos espiritualistas que contrariam dogmas e arcaísmos bíblicos, surgem fanáticos fundamentalistas saudosistas do obscurantismo sempre prontos para se insurgirem contra quem vê além da letra morta que mata. Essas perseguições, quase sempre, são sinal de que se está no caminho certo, de que se está trilhando o caminho do mestre.

41. E por que atentas tu no argueiro que está no olho de teu irmão, e não reparas na trave que está no teu próprio olho?
42. Ou como podes dizer a teu irmão: Irmão, deixa-me tirar o argueiro que está no teu olho, não atentando tu mesmo na trave que está no teu olho? Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho, e então verás bem para tirar o argueiro que está no olho de teu irmão.

Isto se aplica a situações corriqueiras do dia-a-dia, em que percebemos inúmeros erros, reais e imaginários em nosso próximo, sem que atentemos para os nossos próprios erros. Ou, pior ainda, muitas vezes são os nossos erros que nos fazem procurar erros nos outros. É a mente poluída que acha defeitos onde há e onde não há.

Você não é capaz de perceber um defeito que você não conhece. Os defeitos, os erros, as falhas que você vê no outro são falhas que você tem, em maior ou menor grau. 

Como é que você é tão severo com as falhas do outro e sempre arruma uma desculpa para as suas próprias falhas?

Como é que você fica tão indignado ao perceber os defeitos do próximo e se sente tão injustiçado quando apontam os seus defeitos?

Dois pesos e duas medidas. Mas Jesus nos disse que com a medida que medirmos seremos medidos.

Quando se conta uma piada suja ou se faz uma malícia qualquer perto de uma criança, ela não apreende o sentido oculto, porque não tem essa malícia. Do mesmo modo, nós não percebemos as imperfeições alheias que nós não conhecemos.

Então quando vemos um cisco no olho do nosso próximo, temos que primeiro tentar tirar a trave do nosso olho, primeiro corrigir os nossos próprios defeitos – que são temporários.

Deus não nos fez defeituosos, Deus nos creou simples e ignorantes, essencialmente à sua imagem e semelhança, portanto, perfectíveis. Ao longo da nossa trajetória milenar é que nós vamos, através de múltiplas experiências, adquirindo características boas e más. As boas permanecerão conosco. As más, nós as transformaremos pouco a pouco.

Essa percepção do cisco no olho do próximo também é comum em se tratando de religião. Pessoas que cultuam crenças arraigadas no diabo têm uma trave nos seus olhos e querem tirar um cisco no olho dos outros. Quem acredita em diabo, demônio ou satanás tem a mente doente e a visão deturpada. Essas pessoas ficam extremamente tristes e aborrecidas quando dizemos que o diabo não existe.

Nós acreditamos em Deus, nós confiamos na infinita bondade de Deus. Nós não temos espaço, em nossa mente para crença no diabo, demônio ou satanás. Passou o tempo em que precisávamos de imagens negativas e fortes para assustar pessoas e comandá-las através do medo. A humanidade precisa de consolo e, principalmente, esclarecimento.

43. Porque não há boa árvore que dê mau fruto, nem má árvore que dê bom fruto.
44. Porque cada árvore se conhece pelo seu próprio fruto; pois não se colhem figos dos espinheiros, nem se vindimam uvas dos abrolhos.

Uma árvore boa não dá mau fruto, e uma árvore má não dá bom fruto. É pelo fruto que se conhece a árvore.

Vivemos no mundo das aparências. Podemos ter excelente aparência e péssimo caráter. Por outro lado, tudo em nossa vida pode depor contra nós mesmo que sejamos corretos e bem-intencionados. Essa é uma característica do plano físico. No plano astral somos vistos tal como somos de fato. No astral, qualquer olhar mais apurado é capaz de perceber o que se passa em nosso íntimo.

Pessoas religiosas ou pretensamente religiosas acostumadas à crítica, acostumadas a procurar um cisco no olho do seu irmão enquanto uma trave está tapando o seu próprio olho, criticam apressadamente todo aquele que contraria, intencionalmente ou não, o seu modo de pensar. Essas pessoas raramente se dão ao trabalho de estudar, de se esclarecerem a respeito daquilo que criticam.

É muita pretensão exigir que todos pensem da mesma forma. As pessoas são diferentes, têm experiências e conhecimentos que as tornam diferentes umas das outras, cada qual apta a compreender as coisas de uma determinada forma.

Ninguém é obrigado a compreender ou mesmo aceitar opiniões diferentes. Mas criticar sem conhecer, criticar a partir de uma análise superficial e viciada pelo preconceito é agir com leviandade, é ignorar o bom fruto que outras opiniões oferecem a todos quantos estejam dispostos a estudá-las e vivê-las no dia-a-dia.

Acreditamos na moral cristã, livre de dogmatismos e grupismos, ensinamos a ética do Cristo, que é eterna e imutável, válida em qualquer tempo e em qualquer lugar. Se querem avaliar a árvore que é o ensino diferente do que as suas crenças aceitam, analisem os frutos deste ensino. Uma árvore má não pode dar frutos bons. O mesmo critério vale para todas as pessoas, individualmente. Analisemos as pessoas pelas suas obras, que são os seus frutos.

As aparências podem enganar, como a figueira frondosa e cheia de folhas, mas sem frutos, que Jesus secou (Mateus 21:19; Marcos 11:14) para que nos servisse de exemplo de que não adianta a aparência de fertilidade e abundância, o que importa são os frutos. Uma árvore de bela aparência que não dá frutos é uma árvore enganosa, assim há pessoas que se vestem de virtude mas que não têm nada a oferecer, seus corações são estéreis, não dão frutos.

Ou, pior ainda, são as árvores más, que dão maus frutos, que oferecem frutos amargos e venenosos, como são as pessoas que só têm a oferecer a sua amargura, as suas críticas azedas, as suas palavras de veneno e fel; os seus frutos são indigestos como suas crenças ridículas que fermentam o ódio, a intolerância e o preconceito. Tentam colocar os seus frutos onde não são chamados, tentam fazer germinar as sementes da discórdia e do desamor que estão dentro dos seus frutos podres.

45. O homem bom, do bom tesouro do seu coração tira o bem, e o homem mau, do mau tesouro do seu coração tira o mal, porque da abundância do seu coração fala a boca.

A boca fala daquilo que está cheio o coração. A boca fala daquilo que está cheia a mente.

Se nossa mente mantém um padrão de pensamentos baixo, com inveja, raiva, preconceito e ignorância, é disso que vamos falar, mesmo que queiramos passar a impressão de sermos pessoas bondosas e corretas.

Se nossa mente mantém um padrão de pensamentos elevado, compreendendo as fraquezas alheias, por reconhecer os próprios erros; aceitando as diferenças, por saber que não se é dono da verdade; compreendendo que o caminho é longo e que o esforço para percorrê-lo é individual, que independe de fatores externos, que todos chegaremos ao nosso destino movidos pelas nossas próprias energias, é sobre isso que vamos falar, sabendo que poucos nos compreenderão, que nem todos aceitarão nossas verdades como suas verdades, mas sabendo que o esforço vale a pena, e que a alegria do dever cumprido, de agir de acordo com a própria consciência é o sinal de que se está no caminho certo.

Nosso tesouro é o que realmente carregamos conosco. Nada do que é material nos pertence. Nossos bens materiais e os nossos títulos acadêmicos, religiosos, profissionais ou sociais não são nossos, são empréstimos concedidos por Deus para o nosso uso enquanto estivermos encarnados.

Mas o que é realmente nosso, o que é do espírito, é o aprendizado moral e intelectual. O que aprendemos, de bom e de mau, nos acompanha.

Esse é o tesouro do nosso coração, porque está conosco sempre, faz parte de nós. O que aprendemos, o que passamos a conhecer, as experiências que vivemos, isso faz parte da nossa bagagem espiritual.

46. E por que me chamais, Senhor, Senhor, e não fazeis o que eu digo?

O que é que Jesus nos mandou fazer? Jesus por acaso nos recomendou que futricássemos o Antigo Testamento em busca de regrinhas obsoletas para atacarmos os nossos irmãos?

Será que a ênfase de Jesus foi em cima de regras? Ou o seu ensino não foi fundamentalmente moral?

Como é que Jesus resumiu a lei e os profetas do Antigo Testamento? Não foi dizendo para amarmos a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos? Não nos recomendou que amássemos uns aos outros como ele nos amou?

Será que ficar repetindo o nome de Jesus sem colocar em prática as suas recomendações está de acordo com o seu ensinamento?

47. Qualquer que vem a mim e ouve as minhas palavras, e as observa, eu vos mostrarei a quem é semelhante:
48. É semelhante ao homem que edificou uma casa, e cavou, e abriu bem fundo, e pôs os alicerces sobre a rocha; e, vindo a enchente, bateu com ímpeto a corrente naquela casa, e não a pôde abalar, porque estava fundada sobre a rocha.
49. Mas o que ouve e não pratica é semelhante ao homem que edificou uma casa sobre terra, sem alicerces, na qual bateu com ímpeto a corrente, e logo caiu; e foi grande a ruína daquela casa.

A base do ensino de Jesus é o Amor. Se resumirmos o ensinamento de Jesus em uma palavra esta palavra é Amor – que pode ser “traduzido”, no nosso entendimento atual, como “harmonia”.

Se construirmos nossa doutrina, nosso modo de pensar, falar e agir sobre o Amor, esta doutrina, e os pensamentos, palavras e ações que cultivarmos serão sólidos e resistirão às enchentes, resistirão às adversidades.

Mas se construirmos uma doutrina ou o modo de pensar, falar e agir em cima de regras rebuscadas dos livros velhos, em cima de velhos preconceitos e ignorâncias renitentes, esta doutrina será contraditória, os pensamentos serão confusos, as palavras serão cheias de amargura e preconceito e as ações tenderão sempre a separar, a desunir, a discordar.

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