Você acha que Jesus perdoa os pecados? Você sabe o que quer dizer batismo? O que você acha que é o reino de Deus? Este é o 4º vídeo de uma série de 30 vídeos em que analiso e interpreto o Evangelho segundo Lucas. É fruto de anos de pesquisa e da inspiração de amigos espirituais. As questões acima são alguns dos temas abordados neste vídeo. Sem a pretensão de ser dono da verdade, mas apenas oferecendo uma visão pessoal baseada no entendimento proporcionado pelo conhecimento do Espiritismo.
Abaixo você pode ler todo o texto do vídeo.
CAPÍTULO 3
1. E no ano quinze do império de Tibério César, sendo Pôncio Pilatos presidente da Judéia, e Herodes tetrarca da Galiléia, e seu irmão Filipe tetrarca da Ituréia e da província de Traconites, e Lisânias tetrarca de Abilene,
2. Sendo Anás e Caifás sumos sacerdotes, veio no deserto a palavra de Deus a João, filho de Zacarias.
3. E percorreu toda a terra ao redor do Jordão, pregando o batismo de arrependimento, para o perdão dos pecados;
4. Segundo o que está escrito no livro das palavras do profeta Isaías, que diz: Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor; Endireitai as suas veredas.
5. Todo o vale se encherá, E se abaixará todo o monte e outeiro; E o que é tortuoso se endireitará, E os caminhos escabrosos se aplanarão;
6. E toda a carne verá a salvação de Deus.
João Batista percorreu toda a região do Jordão, “pregando o batismo de arrependimento, para o perdão dos pecados”.
Na tradução do Haroldo Dutra Dias nós encontramos “anunciava o mergulho do arrependimento para o perdão dos pecados”. Outros traduzem como “remissão dos pecados”.
Batismo quer dizer mergulho. João Batista mergulhava as pessoas no Rio Jordão como um símbolo de renascimento. Quando reencarnamos, nosso espírito forma um corpo físico mergulhado no líquido amniótico. A água também simboliza o princípio gerador universal, tanto é que em Gênesis 1:2 é dito que “o espírito de Deus se movia sobre a face das águas”, mas não é mencionada a criação da água. Vemos neste segundo versículo da Bíblia: Deus, o princípio espiritual e o princípio material.
A palavra grega traduzida como “conversão” ou “arrependimento” é metanoia, que é a mudança de mente, mudança de opinião, mudança de sentimentos, mudança de vida, a transformação mental. Rohden traduz como transmentalização, ou “a conversão de uma vida de erros e pecados para uma vida de verdade e santidade”. É a reforma mental, a reforma íntima ou a conscientização.
Ao sair da água, o batizado começava uma nova vida, disposto a resgatar os próprios erros e a reformar-se mentalmente a partir da sua conscientização.
A palavra “pecado” quer dizer erro, significando, a princípio, errar o alvo – só mais tarde tomou conotação religiosa.
A palavra perdão vem do latim perdonare. Mas o idioma do Novo Testamento é o grego. A palavra grega que se traduz como perdão é aphesis. Esta palavra, aphesis, é traduzida nos textos como perdão, remissão, libertação. Pastorino traduziu como resgate. O seu primeiro significado é “deixar ir”.
O que se traduz normalmente como remissão dos pecados ou perdão dos pecados, é, na verdade, a libertação dos erros, o resgate dos erros, é deixar os erros para trás, abandonar os erros.
João Batista mergulhava as pessoas num processo de reforma mental para o resgate dos erros, para o resgate espontâneo do carma, para o reajuste espontâneo com a Lei de causa e efeito.
A própria pessoa, o próprio espírito encarnado, através da sua transmentalização, da sua mudança de opinião, de sentimentos, da sua mudança mental, da mudança do seu padrão de pensamentos, é que se conscientiza de que precisa resgatar os seus erros, resgatar o seu carma, rearmonizar-se com a Lei de causa e efeito espontaneamente, sem esperar que os resultados dos seus erros passados se apresentem para ela.
Seria absurdo se um mergulho ou um ato qualquer, por si só, causasse o perdão ou a remissão dos pecados de alguém. Deus seria muito injusto se fosse assim. É verdade que não conhecemos os desígnios de Deus, mas acreditamos que Deus seja todo o bem. Nada que fuja à justiça, então, pode advir de Deus. Aqueles que não conhecessem ou não acreditassem no mergulho, mesmo que fossem excelentes pessoas, estariam perdidas?
Nós só estamos quites com a Lei divina, que é toda harmonia e justiça, quando resgatamos os nossos erros passados. O mergulho, então, é a conscientização de nossa natureza espiritual e divina e, conseqüentemente, dos mecanismos da Lei de causa e efeito, e a prontificação para o nosso reajuste. Deixamos o passado de erros para trás e passamos a praticar o bem como forma de reparar e compensar o mal feito no passado.
João Batista batizava, “segundo o que está escrito no livro das palavras do profeta Isaías”, preparando o caminho do Senhor, ou seja, afastando os obstáculos, que são os erros. Preparar a humanidade terrena para receber a boa nova de Jesus (evangelho que dizer “boa nova”, “boa notícia”, “novidade boa”) requer uma disposição básica: a conscientização. Ainda hoje grande parte da humanidade é composta de espíritos que mal deixaram o estágio de animalidade. Vivem, ainda, em função de instintos e paixões. Só quando nos conscientizamos de que somos espíritos imortais, partículas divinas, é que conseguimos começar a entender a grandiosidade do ensinamento de Jesus, que nos liberta e ilumina.
7. Dizia, pois, João à multidão que saía para ser batizada por ele: Raça de víboras, quem vos ensinou a fugir da ira que está para vir?
8. Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento, e não comeceis a dizer em vós mesmos: Temos Abraão por pai; porque eu vos digo que até destas pedras pode Deus suscitar filhos a Abraão.
9. E também já está posto o machado à raiz das árvores; toda a árvore, pois, que não dá bom fruto, corta-se e lança-se no fogo.
A “ira que está para vir” é a ação do carma, ou, melhor dizendo, a Lei de causa e efeito, segundo a qual nós sempre colhemos o que plantamos. Conforme a consciência vai se desenvolvendo, nos tornamos mais sensíveis aos resultados dos nossos atos.
João diz para as pessoas que elas devem “produzir frutos dignos de arrependimento”, quer dizer, de nada adianta o arrependimento ou conversão como ato ritualístico. O batismo ou mergulho, por si só, não tem valor algum. Muitos acham que basta se arrepender (ou converter), “aceitar Jesus” e está tudo resolvido. Não é assim. Lembramos que a palavra grega traduzida como conversão ou arrependimento é metanoia, que quer dizer “mudança de mente”, “transformação mental”. Se houve essa mudança, essa transformação, que é a tomada de consciência, a conscientização, é preciso produzir frutos, é preciso obras. Jesus nos ensinou, em Lucas 6:43-44, que receberemos de acordo com as nossas obras e que é pelo fruto que se conhece a árvore.
João Batista chama a atenção deles duramente, alertando que não adianta eles dizerem, como diziam, que tinham Abraão por pai (eles eram todos descendentes de Abraão), porque Deus “até destas pedras pode suscitar filhos a Abraão”.
Os judeus daquele tempo (o povo no meio do qual Jesus nasceu e viveu), se gabavam de serem descendentes de Abraão, eles se achavam o povo escolhido de Deus, como se bastasse ser descendente de Abraão para estarem a salvo de qualquer coisa.
Eles achavam que essas pregações se dirigiam aos outros, para eles bastava saberem que eram descendentes de Abraão. Nós vemos isso hoje, ainda, em determinados meios religiosos. Alguns religiosos pensam que estão salvos e que são escolhidos de Deus só porque se converteram a uma determinada igreja.
Mas João Batista diz que Deus poderia fazer até das pedras descendentes de Abraão. Isso pode parecer um modo de dizer, uma figura de linguagem, mas, na verdade, não é.
Lineu considerou as coisas divididas em três reinos: o reino mineral, o reino vegetal e o reino animal. Para o Espiritismo existe Deus, o princípio inteligente e o princípio material. E o princípio inteligente precisa atravessar todos os estágios da matéria, desde o átomo até o arcanjo.
Podemos acrescentar aos reinos mineral, vegetal e animal o reino hominal, que é o estágio em que nos encontramos, e o reino de Deus, que é o nosso próximo estágio evolutivo.
Então nós vemos que Deus pode, sim, fazer das pedras filhos de Abraão. Até as pedras, um dia, evoluirão suficientemente para atravessar todos os reinos e chegar onde estamos. A evolução não pára nunca. Há uma frase atribuída a Léon Denis que diz: “A alma dorme na pedra, sonha no vegetal, agita-se no animal e acorda no homem”.
Depois João se utiliza de uma bela figura de linguagem para nos falar do despertar da consciência e da Lei de causa e efeito: “… já está posto o machado à raiz das árvores; toda a árvore, pois, que não dá bom fruto, corta-se e lança-se no fogo”.
As árvores são os homens e mulheres, são os espíritos encarnados.
A raiz das árvores é a consciência; se nós somos representados pelas árvores, a nossa consciência é a raiz das árvores, pois a consciência é a “raiz” do espírito.
O machado é o despertamento da consciência através do conhecimento.
A questão 621 de O Livro dos Espíritos nos diz que a Lei de Deus está escrita em nossa consciência. A consciência está despertando para a Verdade através do ensino de Jesus. Já não há desculpa de desconhecimento. O espírito que não produz bom fruto será atingido pela ira que está para vir, como diz João Batista, que nada mais é do que a colheita daquilo que plantamos. A semeadura é livre, mas a colheita é obrigatória.
E o que acontece com o espírito que é atingido pela ira que está para vir, como diz João Batista?
Ele é a árvore que não dá bom fruto. E a árvore que não dá bom fruto será cortada e lançada no fogo. O fogo representa a purificação e a transformação. O fogo molda e purifica. O aço precisa ser fundido a uma temperatura de quase mil graus para depois ser moldado. O fogo que purifica e molda o espírito é a dor. A dor é um mecanismo de alerta para a nossa conduta. O caminho que leva a Deus é uma reta. Sempre que nos desviamos do caminho reto que leva a Deus somos avisados pela dor. Então sofremos a dor, e, se aprendemos com ela, retomamos o caminho.
Não podemos pensar, de modo algum, que este fogo de que João Batista fala seja o “fogo eterno” ou o “fogo do inferno”. Isso não existe. Deus não crearia seus filhos para deixá-los queimando no fogo do inferno. Deus é infinitamente misericordioso e bom, sempre nos oferece novas oportunidades, sempre nos concede novas chances.
Quando cometemos erros, somos submetidos aos resultados dos erros, que são as dores morais. Quando não produzimos frutos, sofremos pelo vazio de uma existência inútil. Mas sempre recebemos novas chances através do esquecimento temporário do nosso passado com a reencarnação.
10. E a multidão o interrogava, dizendo: Que faremos, pois?
11. E, respondendo ele, disse-lhes: Quem tiver duas túnicas, reparta com o que não tem, e quem tiver alimentos, faça da mesma maneira.
12. E chegaram também uns publicanos, para serem batizados, e disseram-lhe: Mestre, que devemos fazer?
13. E ele lhes disse: Não peçais mais do que o que vos está ordenado.
14. E uns soldados o interrogaram também, dizendo: E nós que faremos? E ele lhes disse: A ninguém trateis mal nem defraudeis, e contentai-vos com o vosso soldo.
O ensinamento de João Batista é essencialmente humano. É um preparo para o ensino de Jesus ao pregar a metanoia, a conscientização. Ensina a compartilhar o que se tem; ser honesto e correto; e não abusar do poder. É isso que se depreende do que ele responde ao povo, aos publicanos e aos soldados que lhe perguntaram o que deveriam fazer.
São citados publicanos e soldados. Eram duas classes desprezadas pelos judeus. Os publicanos, que eram os cobradores de impostos, eram mal vistos por cobrarem tributo para o invasor romano. Em troca dos tributos, Roma oferecia alguma ordem e proteção aos povos submetidos ao seu poder e permitia, até certo ponto, que eles mantivessem suas próprias leis. No caso do povo judeu eles mantiveram a sua própria religião, com a complacência de Roma.
Os tributos não eram cobrados diretamente por Roma. Roma vendia o direito de cobrança a alguém que tivesse posses e condições de cobrar impostos, e esse alguém cobrava do povo. Para ter lucro, cobrava mais do que era devido. Por isso os publicanos eram tão odiados pelos judeus.
Fora o fato de colaborarem com os romanos, pesava sobre os publicanos o fato de misturarem-se com os estrangeiros. Para os israelitas, todo estrangeiro, qualquer pessoa que não pertencesse ao seu povo, era considerada impura.
Os soldados, por sua vez, representavam Roma, defendiam os interesses de Roma, estavam sempre lembrando, com sua presença, que eles, os israelitas, eram dominados por outro povo dentro de sua própria terra.
Mas alguns publicanos e soldados são mergulhados por João, fazem a metanoia, que simboliza o mergulho para dentro de si mesmo para a conscientização. E perguntam a João o que deveriam fazer.
João diz para eles não cobrarem nada além do que lhes era devido, ou seja, pede apenas para que eles sejam honestos, e, no caso dos soldados, que não tratassem mal a ninguém, quer dizer, que não abusassem da sua posição de autoridade.
Emmanuel aproveita esta passagem do Evangelho para nos deixar uma lição. João Batista diz aos publicanos para não pedir mais do que devem. Emmanuel lembra que nós também não devemos pedir mais do que nos é devido, e isso se encaixa no dia-a-dia de quem convive no meio espírita ou em outro meio religioso.
“Quantos pedem novas mensagens espirituais, sem haver atendido a sagradas recomendações das mensagens velhas? Quantos aprendizes aflitos por transmitir a verdade ao povo, sem haver cumprido ainda a menor parcela de responsabilidade para com o lar que formaram no mundo?”.
15. E, estando o povo em expectação, e pensando todos de João, em seus corações, se porventura seria o Cristo,
16. Respondeu João a todos, dizendo: Eu, na verdade, batizo-vos com água, mas eis que vem aquele que é mais poderoso do que eu, do qual não sou digno de desatar a correia das alparcas; esse vos batizará com o Espírito Santo e com fogo.
17. Ele tem a pá na sua mão; e limpará a sua eira, e ajuntará o trigo no seu celeiro, mas queimará a palha com fogo que nunca se apaga.
18. E assim, admoestando-os, muitas outras coisas também anunciava ao povo.
19. Sendo, porém, o tetrarca Herodes repreendido por ele por causa de Herodias, mulher de seu irmão Filipe, e por todas as maldades que Herodes tinha feito,
20. Acrescentou a todas as outras ainda esta, a de encerrar João num cárcere.
Alguns pensavam que João pudesse ser o Cristo, o Messias. Cristo é messias em grego. Messias é uma palavra hebraica que quer dizer ungido. Cristo seria aquele “ungido por Deus”, aquele em quem Deus derramou azeite, simbolizando a consagração a Deus.
Havia muitas profecias, há vários séculos, prometendo a vinda do messias, do enviado de Deus que iria devolver ao povo judeu, que se considerava o povo eleito de Deus, a grandeza a que eles julgavam ter direito.
Esperavam o messias há muito tempo, mas ultimamente estavam ansiosos esperando que o messias ou Cristo viesse para libertá-lo do jugo romano, já que toda aquela região era dominada por Roma. E alguns agora pensavam que João pudesse ser o messias. João responde a isso dizendo que ele batizava com água, mas aquele que viria, o Cristo, este batizaria com espírito santo e com fogo.
João preparava quem estivesse pronto para a reforma mental, para o processo de conscientização que seria proposto por Jesus.
Jesus viria para mergulhar (a palavra batizar quer dizer mergulhar) quem estivesse preparado num espírito santo, na sintonia dos bons espíritos, dos espíritos dedicados a Deus, para sermos guiados e fortalecidos em nossa caminhada. Sintonizamos com as mentes que estejam na mesma sintonia que nós. Quando seguimos os ensinamentos que foram trazidos por Jesus, nos conectamos com as mentes dos espíritos que pensam e sentem como nós. “Mergulhamos” na freqüência vibratória que caracteriza um espírito santo, um espírito dedicado a Deus.
E Jesus mergulharia no fogo, no fogo purificador, transformador, para moldar os espíritos encarnados e desencarnados dispostos à transformação, dispostos ao abandono do homem velho e para a assunção do homem novo.
João cuidava ainda das coisas terrenas, cotidianas; Jesus vem para a transformação espiritual.
João diz que Jesus viria para separar o trigo e a palha. O trigo ele guardaria no celeiro e a palha ele queimaria num fogo que nunca se apaga. Jesus iria mergulhar no fogo, para a purificação; e iria jogar a palha (aqueles que não estivessem prontos) num fogo que nunca se apaga. Duas imagens do fogo, mas a função do fogo é a mesma nos dois casos.
Aquele que está preparado (representado pelo trigo) é mergulhado na freqüência vibratória característica de um espírito bom, de um espírito dedicado a Deus, entra em sintonia com um espírito bom, ou com os bons espíritos, e é mergulhado no fogo para purificar-se de suas impurezas e transformar-se.
Aquele que não está preparado (representado pela palha) é lançado ao fogo para moldar-se, para livrar-se das suas impurezas através da dor, que nada mais é que um mecanismo de alerta para o reajuste espiritual.
Jesus vem separar o trigo e a palha. O trigo vai para o celeiro e a palha vai para o fogo. Mas o trigo também irá para o fogo para virar pão. Ninguém come pão cru. Ou seja, todos passam pelo fogo.
É fácil perceber, então, que não há a menor hipótese de estar-se tratando de algum castigo, muito menos de um castigo eterno. O fogo nunca se apaga, mas a palha não fica lá para sempre.
O trigo fica no fogo até virar pão. A palha fica no fogo até sofrer a transformação, mas, como disse Lavoisier, “Na natureza nada se crea, nada se perde, tudo se transforma”.
O fogo é eterno porque representa a dor como mecanismo de reajuste através da purificação e transformação.
Emmanuel chama a atenção para uma imagem que poderia passar despercebida. Jesus foi chamado de mestre, pastor, messias, salvador, que são belos títulos; mas João Batista o apresenta como o trabalhador atento que tem a pá nas mãos, o trabalhador abnegado e otimista. Jesus é o trabalhador divino que vai trabalhando pelo mundo à nossa frente, nos dando o exemplo.
***
Lucas narra a prisão de João Batista a mando de Herodes. Herodes havia tomado a mulher de seu irmão Filipe e vivia com ela em flagrante adultério, o que era contrário à lei. Assim como Elias denunciava publicamente o rei Acabe, o mesmo espírito, reencarnado agora como João Batista, denuncia o “rei” Herodes.
21. E aconteceu que, como todo o povo se batizava, sendo batizado também Jesus, orando ele, o céu se abriu;
22. E o Espírito Santo desceu sobre ele em forma corpórea, como pomba; e ouviu-se uma voz do céu, que dizia: Tu és o meu Filho amado, em ti me comprazo.
Diferente de outras passagens em que, no texto grego, não há artigo antes de “espírito santo”, e que, portanto, a tradução correta é “um” espírito santo, nesta passagem está escrito, no texto grego, “o” espírito santo – το Πνευμα το Αγιον.
Nos evangelhos de Marcos e João está escrito “o espírito”, no evangelho de Mateus está escrito “o espírito de Deus”, e aqui em Lucas “o espírito santo”. Parece se tratar de um espírito muito superior para receber essa designação especial. De qualquer modo, não vemos motivos, de modo algum, para considerar que este espírito seja Deus ou uma das pessoas de Deus.
Uma voz diz, se referindo a Jesus, que este é “o meu filho amado”. A voz ouvida poderia ter sido um fenômeno de pneumatofonia ou voz direta.
Qualquer espírito superior poderia tratá-lo por filho. Costumamos tratar alguém de quem gostamos de “meu filho”, isso é comum em todos os tempos em todos os lugares.
Para quem não concebe a ideia de que haja espíritos superiores a Jesus, é só pensar nos trilhões de estrelas que há no Universo, e de outros tantos e tantos trilhões de planetas que há em torno delas e da infinitude do cosmos e consequentemente dos mundos habitados.
Achar que Deus crearia o Universo infinito para povoar apenas um grãozinho de areia chamado planeta Terra beira a loucura. É muita falta de imaginação.
A maior parte dos espíritas considera Jesus como o governador do planeta Terra, o responsável maior pelos espíritos que aqui habitam. Certamente haverá, na própria via-láctea, espíritos superiores a ele.
Mateus diz que é o espírito de Deus. Nós sabemos que todos os espíritos são de Deus. Eu, você, o maior santo e o maior bandido, todos somos espíritos de Deus, todos somos filhos de Deus, todos fomos creados por Deus, à sua imagem e semelhança, portanto, perfectíveis. Jesus é, dos espíritos da Terra, o que mais se aproxima da perfeição de Deus.
Nós somos creação divina, então nós somos parte de Deus. Jesus nos disse que nós somos deuses (João 10:34). Cada um de nós é uma centelha divina, é uma faísca, uma fagulha de Deus, com potencialidades divinas. Essa potencialidade divina é o nosso Cristo interno, é Deus em nós.
Nos realizamos espiritualmente como filhos de Deus quando nos tornamos um com o Cristo e um com Deus, ou seja, quando abandonamos todo personalismo, todo egoísmo, e deixamos que Deus se manifeste através de nós. Jesus alcançou isso.
Então o espírito de Deus que desceu sobre Jesus pode ser a própria ressonância do seu espírito com Deus, já que ele é “um com Deus”.
23. E o mesmo Jesus começava a ser de quase trinta anos, sendo (como se cuidava) filho de José, e José de Heli,
24. E Heli de Matã, e Matã de Levi, e Levi de Melqui, e Melqui de Janai, e Janai de José,
25. E José de Matatias, e Matatias de Amós, e Amós de Naum, e Naum de Esli, e Esli de Nagaí,
26. E Nagaí de Máate, e Máate de Matatias, e Matatias de Semei, e Semei de José, e José de Jodá,
27. E Jodá de Joanã, e Joanã de Resá, e Resá de Zorobabel, e Zorobabel de Salatiel, e Salatiel de Neri,
28. E Neri de Melqui, e Melqui de Adi, e Adi de Cosã, e Cosã de Elmadã, e Elmadã de Er,
29. E Er de Josué, e Josué de Eliézer, e Eliézer de Jorim, e Jorim de Matã, e Matã de Levi,
30. E Levi de Simeão, e Simeão de Judá, e Judá de José, e José de Jonã, e Jonã de Eliaquim,
31. E Eliaquim de Meleá, e Meleá de Mená, e Mená de Matatá, e Matatá de Natã, e Natã de Davi,
32. E Davi de Jessé, e Jessé de Obede, e Obede de Boaz, e Boaz de Salá, e Salá de Naassom,
33. E Naassom de Aminadabe, e Aminadabe de Arão, e Arão de Esrom, e Esrom Perez, e Perez de Judá,
34. E Judá de Jacó, e Jacó de Isaque, e Isaque de Abraão, e Abraão de Terá, e Terá de Nacor,
35. E Nacor de Seruque, e Seruque de Ragaú, e Ragaú de Fáleque, e Fáleque de Eber, e Eber de Salá,
36. E Salá de Cainã, e Cainã de Arfaxade, e Arfaxade de Sem, e Sem de Noé, e Noé de Lameque,
37. E Lameque de Matusalém, e Matusalém de Enoque, e Enoque de Jarete, e Jarete de Maleleel, e Maleleel de Cainã,
38. E Cainã de Enos, e Enos de Sete, e Sete de Adão, e Adão de Deus.
Lucas oferece uma genealogia de Jesus, diferente da oferecida por Mateus, talvez para tentar demonstrar que Jesus era descendente de Davi, como afirmavam as profecias que devia ser o messias, e faz chegar sua genealogia até Deus.
PRÓXIMO ESTUDO DE LUCAS: CLIQUE AQUI
ESTUDO ANTERIOR DE LUCAS: CLIQUE AQUI