Você tem sido responsável por suas escolhas? É você quem decide sobre a sua vida? Tomara que seja. A maioria não faz isso. A maioria, a esmagadora maioria, é orientada, doutrinada, manipulada, ludibriada, manietada e acorrentada pela mídia. Assuntinho chato, né?
Chato é ouvir a voz do Faustão, chato é comercial de eletrodomésticos em quatrocentas vezes sem juros, chato é prestar atenção em detalhes sórdidos de vidas pessoais de pessoas que nem sequer admiramos. Isso é chato. Quer coisa mais chata que uma rede de lojas decidir o que você tem que vestir? Quer coisa mais nojenta que um monte de semianalfabetos numa tela dizendo o que devemos comprar, o que devemos comer, o que devemos beber, o que devemos pôr nos pés, o que devemos pôr sei lá aonde?
A grande mídia, televisão à frente, alimenta nosso espírito com tragédias. Muito sangue, muita crueldade, muito sofrimento. Faz um ano e meio que não assisto televisão. Nada. Já fui chamado de alienado. Já fui acusado de não saber o que está se passando com o país. Ora, aconteceram tantas coisas relevantes na minha vida nestes dezoito meses que, sinceramente, não sinto a menor falta de saber como a Dilma está se saindo na presidência, quais foram as últimas tragédias (ouvi falar do caso Yoki), quem mais desencarnou além do Chico Anysio.
Convivo cotidianamente com algumas dezenas de pessoas. Pessoas próximas, que podem influenciar e serem influenciadas diretamente por mim. Virtualmente, convivo diariamente com algumas centenas de pessoas. Pessoas com as quais aprendo e me mantenho informado sobre o que me interessa de fato.
Não, não sou alienado. Quem é alienado? Quem emprega seu tempo integralmente em coisas produtivas ou quem se afunda no sofá e absorve a mídia televisiva como uma esponja? Entendo que a televisão teve sua importância. No Brasil, particularmente, ao integrar o povo das mais diversas regiões numa ideia mais ou menos concisa de Brasil, de brasilidade, de nacionalidade, mesmo que deturpada. O rádio, antes da televisão, também cumpriu o seu papel. Hoje são veículos para a massa dócil, quase nada além disso.
Hoje não temos a desculpa de que não há alternativas. A internet nos oferece o que queremos. É só procurar. Desde que abandonei a grande mídia, percebo o mundo de maneira muito diferente. E é fácil entender isso. Leio, assisto, converso, com pessoas que tem ideais, pessoas que se ocupam em fazer a diferença, pessoas que não são massa de manobra, pessoas que não são apenas consumidores. Porque é isso que a massa é: Consumidora. Para a televisão, para as grandes empresas jornalísticas e publicitárias, a massa, as pessoas que formam a massa, são só números. Números que se enquadram em classes de consumo. A classe A, a classe B, A classe C…
Ninguém está interessado em ensinar, em educar, em preparar para o futuro, ninguém na grande mídia está preocupado com o ser humano. Querem vender. O consumidor/telespectador compra. Onde estão os valores? Onde está a conscientização? Mas valores e conscientização não dão ibope, não dão lucro, não vendem…
Olhei televisão e li jornal por algumas décadas; não é porque abandonei esse hábito que ele deve ser banido da sociedade. Não se trata disso. Nunca tive vocação pra dono da verdade. Cada um sabe de si, cada um tem seus interesses, seus gostos, seu tempo, sua vida. E a grande mídia continua sendo uma forma de entretenimento. Mas é preciso saber que o interesse é vender. Só isso. Fazem tudo, absolutamente tudo o que for possível, desde que seja permitido, para prender sua atenção, para mantê-lo ligado na…
Eu me sinto aliviado. Só o fato de não ouvir mais aqueles comerciais gritados das Casas Bahia já é um imenso alívio…
Só escrevi esse artigo porque hoje me deparei com esta frase de George Orwell, que deixo pra você pensar: “A massa mantém a marca, a marca mantém a mídia e a mídia controla a massa”.