ARTIGO DE AUTORIA DE RODRIGO PNT
Ressurreição, reencarnação, ressurgimento. Ressuscitar ou ressurgir? Eis a questão.
Jesus falou que todos os que morreram, para Deus estão vivos e é fato que muitos vivos entre nós estão mortos, a própria bíblia nos mostra isso.
“Estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos),
E nos ressuscitou juntamente com ele e nos fez assentar nos lugares celestiais, no Cristo Jesus;” Efésios 2: 5, 6.
Portanto todos os que estão seguindo seus ensinamentos já ressurgiram e ressuscitaram, porque entenderam aquilo que lhes importa para alcançar o esclarecimento. Doravante não importa mais a morte física, ou seja, o desencarne, porque estes já alcançaram a ressurreição entre os mortos que estão vivos aqui no mundo e a morte física já não lhes afetará, e é isso que os cristãos primitivos pregavam, eles queriam que todos entendessem que não precisavam temer a morte já que Jesus lhes havia mostrado que esta não existe verdadeiramente.
Quando estamos encarnados, os que não possuem ainda a percepção espiritual compreendem que a verdadeira vida é aqui habitando nesse invólucro material e partilhando das suas similaridades, mas quando acordamos no outro lado e nos vemos mergulhados em energia segundo a composição do perispírito, entendemos que ressurgimos para a verdadeira vida de fato e isso seria compatível com a ressurreição, já que os Espíritos mais perfeitos, quando na carne, trazem essas percepções em sua lembranças e falam de uma forma particularmente sua, enquanto os menos perfeitos não conseguem lembrar dessa peculiaridade, por isso propõem a teoria da ressurreição da carne visando um corpo transformado. Derivam daí e de outras facetas da evolução pessoal os diversos conceitos, teorias e concepções dessa e de diversas outras verdades espirituais e divinas que forjamos nessa escalada monstruosa em direção à cristianização do eu interior.
Assim também ocorria com os primeiros cristãos, já que havia os mais evoluídos e os menos evoluídos e até mesmo entre os discípulos do Cristo, razão pela qual parecia que Jesus tinha os seus preferidos, não que fossem preferidos de fato, porém o mestre conhecia até onde ia a capacidade de compreensão de cada um deles, e os mais capacitados pelas longas reencarnações o mestre mantinha mais próximos a si. Dessa forma também foi a razão pela qual se mantiveram por longos séculos as escrituras sagradas sem mutação nenhuma ou quase nenhuma, ela precisava ser transmitida como palavra de Deus e o próprio Cristo precisava ser olhado como uma divindade, por isso as cerimônias e os catecismos, as tradições e os seminários teológicos, não porque fosse imprescindível o aprendizado dentro da igreja, mas sim porque os símbolos do próprio cristianismo precisavam ser conservados até que a promessa feita pelo Cristo fosse cumprida, a de enviar o Consolador, aquele que ensinaria todas as coisas e faria lembrar de tudo que ele, Jesus, disse ( João 14: 26) e se preciso era lembrar é que mesmo com todas as tradições e ritualísticas inseridas pelos cristãos ao longo de vinte séculos não bastariam para que as palavras do Cristo não fossem esquecidas ou suplantadas pelo egoísmo e materialismos dos homens, os quais cada qual agia dentro de sua própria evolução e compreensão divino-espiritual.
“E muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para vida eterna, e outros para vergonha e desprezo eterno.
Os que forem sábios, pois, resplandecerão como o fulgor do firmamento; e os que a muitos ensinam a justiça, como as estrelas sempre e eternamente.” Daniel 12: 2, 3
O nosso orbe terrestre está em regeneração desde o século dezenove e muitos não sabem que isso foi anunciado por um profeta daquele século chamado Guilherme Miller. Na verdade o que ele anunciou foi a volta do Cristo em 1845, mas o que Miller não entendeu é que tratava-se do fim do período profético de Daniel e o advento do Espírito da Verdade prometido pelo Cristo, o que se deu conhecimento pela primeira obra de Kardec intitulada O Livro dos Espíritos, liderada pelo Espírito da Verdade no ano de 1857. Guilherme Miller entendeu pelas profecias de Daniel 8: 14 e, em prosseguimento, todo o quadro de visões, que em 1845 se findaria o período das visões mostradas a Daniel e deduziu erroneamente, assim como muitos no tempo do próprio Cristo deduziram, que o Ungido viria para salvá-los das nações estrangeiras, também Miller achou que Jesus viria como redentor e salvador dos fiéis e aí entram muitos outros assuntos como purificação do Santuário e diversos assuntos de ordem cerimonial judaica que se nos prendêssemos agora a isso tornaria esse artigo muito extenso.
Pois bem, o que nos interessa é que houve um movimento muito abrangente no meio protestante anterior ao Espiritismo no século dezenove começado por Miller e se estendeu por todo o mundo, e esse movimento anunciava o advento do Cristo baseado no fim do período profético demarcado por Daniel em suas visões. Desse movimento surgiram diversas seitas religiosas das quais algumas sobrevivem até hoje, e não digo que haja fundamento para elas a não ser o de Miller, o qual foi um movimento verdadeiramente inspirado pela espiritualidade para que demarcasse o princípio da regeneração terrena e o advento do Espiritismo como terceira revelação trazendo o conhecimento da justiça divina que é a reencarnação e restaurando o evangelho primitivo e o evoluindo para os séculos seguintes.
Muitos podem me perguntar, então porque a revelação das verdades espíritas não deu prosseguimento dentro das denominações protestantes? E eu respondo: Pelos mesmos motivos que as verdades ditas pelo Cristo não foram aceitas dentro do judaísmo. Caridade, sim, é isso mesmo, a verdadeira caridade do supremo autor da vida. Deus em sua infinita compaixão pelos seus filhos, os vendo mergulhados em suas disciplinas religiosas quando essas têm algum proveito evolutivo, jamais tira o doce da sua boca. Não é Deus que julga nossos ideais religiosos, somos nós mesmos que nos julgamos pelas nossas convicções, todo novo tempo que se inicia nesse orbe, centenas de religiões se iniciam juntas e isso há milhares de anos, todo acontecimento que possua algum alcance mundial gera um novo ideal de vida e isso vem seja por concepções, religiões, governos ou organizações, em outras palavras tudo o que é bom para nós é verdadeiramente bom, não importa a embalagem que nós demos ao bom.
“E ele disse: Vai, Daniel, porque estas palavras estão fechadas e seladas até ao tempo do fim.
Muitos serão purificados, e embranquecidos, e provados; mas os ímpios procederão impiamente, e nenhum dos ímpios entenderá, mas os sábios entenderão.
E desde o tempo em que o sacrifício contínuo for tirado, e posta a abominação desoladora, haverá mil duzentos e noventa dias.
Bem-aventurado o que espera e chega até mil trezentos e trinta e cinco dias.
Tu, porém, vai até ao fim; porque descansarás, e te levantarás na tua herança, no fim dos dias.” Daniel 12: 9-13.
Eis agora nós, os ressurgidos do pó, eis a ressurreição, tudo se cumpriu, o que muitos de nós que vemos no Espiritismo a terceira revelação não entendemos é o obvio, é a terceira revelação, antes tiveram duas outras revelações e se tanto buscamos por conhecimento então abracemos o todo, porque lhes garanto que todo o que aceita essa doutrina como verdade um dia já foi um mestre ou sacerdote do antigo testamento, e se queremos o real conhecimento precisamos conhecer e compreender os sinais, as cerimônias judaicas e cristãs e judaico-cristãs e tudo aquilo que está ligado às três revelações. Deixarei um versículo da bíblia para que aquele que entende, entenda que ele se refere a nós que nos dizemos espíritas hoje.
“Porque não quero, irmãos, que ignoreis este segredo (para que não presumais de vós mesmos): que o endurecimento veio em parte sobre Israel, até que a plenitude dos gentios haja entrado.
E assim todo o Israel será salvo, como está escrito: De Sião virá o Libertador, E desviará de Jacó as impiedades.” Romanos 11: 25,26.
ESPÍRITAS, O ISRAEL ESPIRITUAL DE DEUS.
Rodrigo Pnt é presbítero evangélico e estudioso da Doutrina Espírita.
Para ler a repercussão gerada por este artigo, clique aqui: A reencarnação na Bíblia